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Interesses comerciais motivam ações contra a exportação de gado vivo, diz presidente da Abeg

Lincoln Bueno, da Abeg, e Carlos Fernandes Xavier, da Faepa, participaram do DBO Entrevista, que teve como tema "Senado volta ameaçar a exportação de gado vivo no País"

27 setembro 2021 - 10h59Por DBO Rural

No início deste mês de setembro, uma sugestão legislativa aprovada pela Comissão de Direitos Humanos do Senado sobre a proibição da venda de animais vivos para o abate, e que será analisada como projeto de lei, provocou um certo embaraço para a pecuária brasileira.

Entidades representativas do setor reagiram e demonstraram indignação e repúdio com o anúncio, entre elas, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), a Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC), a Associação Brasileira de Angus (ABA) e a Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (FEBRAC).

Para o presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Gado (Abeg), Lincoln Bueno, esse movimento só tem uma explicação: criar um desconforto nacional e internacional sobre uma modalidade de venda que é liderada mundialmente pela França e Austrália.

Este ano, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) conquistou a abertura de exportação de gado vivo para o Vietnã, um dos principais destinos de bovinos vivos vindo da Austrália. Segundo Bueno, após a abertura desse mercado, um vídeo de uma organização não governamental foi lançado na internet para difamar este importante segmento da pecuária.

“Não tem ninguém preocupado com o boi, porque, primeiro, o animal é muito bem tratado. O problema todo é uma questão comercial”, afirma Bueno.

O representante da Abeg foi um dos convidados do programa DBO Entrevista, que foi ao ar na segunda-feira, 20/9. Além dele, Carlos Fernandes Xavier, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), discutiu a importância para o Brasil dos negócios envolvendo gado vivo (confira a entrevista na íntegra no final do texto).

Sétimo lugar

No ano passado, o Brasil exportou 110,4 mil toneladas de bovinos vivos o que significou uma receita de US$ 217,2 milhões, segundo dados do Mapa. No entanto, na última década, nada se comparou a 2013, quando a pecuária brasileira movimentou US$ 717,2 milhões pelo comércio de 323,9 milhões de toneladas de bovinos vivos.

Para Bueno, a competitividade do boi brasileiro é o que começa a incomodar esse mercado, internacionalmente. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês), o País é o sétimo na exportação de gado vivo.

Para o presidente da Faepa, o mercado de exportação de bovinos vivos é tão legítimo como qualquer outro do setor do agro, além de obedecer a todas as normas de segurança e de respeito aos animais. Além disso, serve como base para complementar a renda do pecuarista.

Atualmente o Pará é o maior exportador de bovinos vivos, seguido pelo Rio Grande do Sul e São Paulo. Na última década a produção de boi paraense respondeu por 83% das exportações nacionais de gado vivo; o Rio Grande do Sul, por 8,8%; e São Paulo, 5%. No ano passado, a produção paraense representou 56% do volume exportado; o Rio Grande do Sul, por 28%; e São Paulo, 10,9%, segundo dados do Mapa.

“Para nós, pecuaristas, é importante que tenhamos um segundo mercado. Temos hoje uma consciência de que a área industrial é uma grande aliada dentro do agronegócio, mas se tivermos um segundo mercado, é melhor ainda”, diz Xavier.

Atualmente, o entrave para esse mercado é justamente a valorização do boi, segundo Bueno. Mesmo assim, o País segue com uma agenda positiva para a abertura de novos destinos para o boi vivo, com a chegada de mais animais de reposição no ano que vem.

“Acreditamos que o rebanho seja recomposto a partir de 2022 e já tenhamos um bom excedente aí para ver a exportação de boi vivo a se firmar novamente”, acredita o presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Gado.

Os Estados do Pará, Rio Grande do Sul e São Paulo tem se estruturado cada vez mais para atender a esse mercado. Além disso, as embarcações possuem espaço adequado para a acomodação dos animais, com oferta de alimentação qualidade, água fresca e boa ventilação.

“Nós estamos chegando com uma carga de bovinos vivos ao Vietnã. Já são 30 dias de viagem e com mais dois dias o navio chega ao seu destino. Mesmo com o gado tendo passado pelo frio do sul da África, os animais engordaram e estão em excelente estado. Eu acredito que vai fazer bonito para esse cliente que compra pela primeira vez do Brasil”, diz Bueno.