A sociedade civil organizada de Mato Grosso do Sul já se articula para garantir a investigação das denúncias de um suposto esquema de mensalão que envolve o governador André Puccinelli (PMDB), a Assembleia Legislativa e membros do poder judiciário sul-mato-grossense. Ontem (29) representantes de mais de 15 entidades de classe e conselhos conversaram com o Procurador-Geral de Justiça, Paulo Alberto de Oliveira. Além de cobrar uma resposta do órgão para a sociedade, eles apresentaram ao MPE os novos integrantes que acompanham as apurações das denúncias junto com a OAB-MS. O escândalo Em vídeo gravado durante operação da Polícia Federal, o primeiro-secretario da Assembleia Legislativa, deputado Ary Rigo (PSDB) entregou como funcionaria o esquema de proprinas no Parque dos Poderes. "Resgatar inocentes" "Para a sociedade o que importa é que a corrupção seja combatida, seja quem for o corrupto. Nossa intenção não é eleitoral. Tratar uma denúncia dessa gravidade, que abalou todas as instituições estaduais, como ataque eleitoreiro ofende o povo sul-mato-grossense", explica Chico Maia, presidente da Acrissul - Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul, que representa o setor produtivo rural. Em reunião na sede da OAB-MS ontem pela manhã, várias entidades e conselhos de classe aderiram ao movimento para acompanhar as apurações relacionadas às denúncias veiculadas pela mídia e nas redes sociais e para evitar o uso eleitoral das denúncias. "Nós do setor rural não queremos fazer uma caça às bruxas. Não queremos afogar os culpados, só queremos resgatar os inocentes", disse Maia. OAB e Acrissul: "Precisamos ir para as ruas" “Não podemos deixar a situação ficar neste nível, temos de começar uma campanha e ir para as ruas, mobilizar a sociedade”, disse o presidente da OAB-MS, Leonardo Avelino Duarte. Segundo ele, “interessa à sociedade sul-mato-grossense a elucidação dos fatos". "Um pai de família que ensina os filhos para serem honestos, trabalhadores, não pode ver tudo isso acontecer e ficar quieto. Mato Grosso do Sul enfrenta neste momento a pior crise institucional da história do Estado. Atualmente todas as instituições de MS estão feridas gravemente perante a opinião pública e não dá para reduzir isso à disputa eleitoral", argumenta o presidente da Acrissul. MPE solicitou documentos O Procurador-Geral de Justiça, Paulo Alberto de Oliveira, tentou tranquilizar a comissão e detalhou os trabalhos de investigação e as medidas que já foram adotadas pelo Ministério Público até o momento para reunir informações. Segundo ele, "guardado o sigilo, o acompanhamento por parte da referida comissão contribuirá para uma maior transparência das investigações". A comissão das entidades junto com a OAB já organiza uma visita até órgãos como a Procuradoria Geral da República e o CNJ - Conselho Nacional de justiça, em Brasília. Entidades que já aderiram Estiveram na reunião representantes do Conselho Regional de Odontologia (CRO), do Conselho Regional de Medicina (CRM), Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), Federação do Comércio (Fecomércio), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Federação da Agricultura e Pecuária do MS (Famasul), Conselho Regional de Economia (Corecon) e Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci). Não houve participação da FIEMS, que representa o setor industrial sul-mato-grossense. Dois representantes das entidades que estiveram ontem com o MPE passam a integrar a Comissão com três ex-presidentes da OAB, Elenice Pereira Carille, Leonardo Nunes da Cunha, Marcelo Barbosa Martins e pelos conselheiros da Ordem Alexandre Morais Cantero, Gustawo Adolpho de Lima Tolentino e Jully Heyder da Cunha Souza e pelo advogado e membro da Comissão de Assistência e Defesa das Prerrogativas (CDA), Marco Antonio Ferreira Castello.