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Empresas investigadas por suspeitas na Caixa receberam R$ 4,3 bilhões

16 janeiro 2017 - 00h00Por Estadão

No período em que o ex-ministro Geddel Vieira Lima ocupou o cargo de vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, área responsável por financiamentos empresariais, foram liberados ao menos R$ 4,3 bilhões às principais empresas investigadas por suspeita de pagamento de propina na Operação Cui Bono?, deflagrada nesta sexta-feira, 13, pela Polícia Federal. Geddel ficou no posto de 2011 a 2013.

Os valores estão registrados publicamente em diferentes documentos, como demonstrações contábeis e atas de reuniões de diretoria, das quatro maiores empresas investigadas pela PF: JBS e sua holding J&F, Bertin e Marfrig. Elas fazem parte do que o mercado chama de “campeões nacionais”, grupo beneficiado, nos governos do PT, com financiamento de bancos públicos para fazer fusões e aquisições e se tornarem líderes em seus setores.

Os procuradores entendem que havia um esquema organizado de crime na Caixa que atingia duas áreas: a de pessoas jurídicas, sob o comando de Geddel, e a do FI-FGTS, fundo com recursos do trabalhador que é gerido pela Caixa.

Quando Geddel estava na Caixa, o frigorífico JBS recebeu um financiamento de R$ 1,8 bilhão. Já sua holding, a J&F, recebeu R$ 500 milhões por meio de uma emissão de debêntures que foi totalmente adquirida pela Caixa. Na época, o mercado questionou os juros, considerados favoráveis à empresa.

A área de infraestrutura do grupo Bertin contou ao menos com R$ 1,6 bilhão, liberado para as obras do Rodoanel de São Paulo. O Bertin já foi a maior exportadora de carnes do País e vendeu essa área para a JBS, numa operação que gerou controvérsia por causa de outro financiamento de banco público.

Marfrig fez ao menos dois empréstimos na Caixa no período investigado, um de R$ 300 milhões e outro de R$ 50 milhões. A Marfrig também fez negócios com a JBS: vendeu para a rival a Seara e a irlandesa Moy Park.

O valor recebido por essas empresas, via Caixa, chegaria a quase R$ 6 bilhões se levado em conta também os empréstimos do FI-FGTS. Esquemas com o fundo foram descritos na delação do ex-vice presidente da Caixa Fábio Cleto e deflagraram a Operação Sépsis, em julho do ano passado.

Um dos presos na Sépsis foi Lúcio Bolonha Funaro. Ele foi considerado peça chave no esquema do FI-FGTS e ressurgiu ontem, agora no esquema com financiamentos junto a instituição, ao lado do deputado cassado Eduardo Cunha e do próprio Geddel.

Apesar de serem apontadas pelo Ministério Público Federal como suspeitas de envolvimento num esquema de pagamento de propinas para obter financiamentos na Caixa, as empresas citadas na Operação Cui Bono? ainda aguardam notificação oficial. Por meio de notas, elas informaram que não foram alvo da operação de diligência policial realizada ontem. Também afirmaram que os empréstimos firmados com a Caixa foram lícitos.

A JBS declarou que “pauta suas relações na ética e profissionalismo e tem convicção da regularidade das suas práticas. A companhia ressalta ainda que sempre atuou de forma transparente e todas as suas atividades são realizadas dentro da legalidade”.

A J&F, holding que controla a JBS, fez a mesma ressalva, destacando que: “Todas as relações da J&F e de suas empresas com a Caixa foram feitas de maneira profissional, legal e transparente, a exemplo das práticas que adota com outros bancos públicos e instituições privadas. A companhia tem o máximo interesse no esclarecimento dos fatos que, por vezes, indevidamente colocam em dúvida a lisura de seus negócios”.

A Marfrig declarou que seus financiamentos foram lícitos. “A Caixa ou seus fundos não são acionistas relevantes da companhia e esclarece que as operações com tal instituição sempre foram feitas em condições de mercado, com custos equivalentes aos dos bancos privados, com garantias reais e sem qualquer privilégio. Todas as operações contratadas durante o período apurado nas investigações foram liquidadas no prazo e condições, não restando em relação a estas débitos em aberto.”