Sem a gana pelo controle ou por obter a totalidade do negócio, o grupo indiano Shree Renuka deve desbancar Bunge, Noble e o fundo Vital Renewable Energy Company (VREC) na disputa pelas duas usinas do grupo Equipav. O Valor apurou que os indianos concordam em obter até 50% do negócio, o que teria agradado os atuais controladores do grupo brasileiro, as famílias Toledo, Vetorazzo e Tarallo. Procurada, a Equipav não quis comentar as informações.
Segundo fontes do mercado, a Bunge teria feito ofertas nos dois formatos: com controle e sem o controle. No entanto, as mesmas fontes afirmam que é consenso na negociação de que a multinacional tende, ao longo do processo, pressionar por adquirir 100% do capital, ou seja, atuar em linha com sua estratégia desenhada com o grupo Moema, recém-adquirido pela múlti.
O Valor apurou ainda que o valor negociado com os indianos está também acima do que a Bunge estaria oferecendo. Conforme publicado pelo Valor, os sócios da Equipav estariam pedindo menos de US$ 150 por cada tonelada de capacidade de moagem, no entanto, mais do que a média do mercado, que é de US$ 100 por tonelada.
"A companhia indiana está concentrando esforços para comprar as usinas da Equipav. Por outro lado, a Bunge mantém interesse, mas acabou de concluir a compra dos ativos da Moema", pondera uma fonte consultado.
O Valor apurou que a Shree Renuka acredita que as negociações deverão ser finalizadas em até um mês. Em novembro, o grupo adquiriu duas usinas de açúcar e álcool da companhia Vale do Ivaí, instaladas no Paraná, marcando sua entrada no Brasil. A negociação com a Equipav tem um motivo muito especial, segundo as mesmas fontes. "Eles entram no mercado paulista, um dos mais cobiçados pelas multinacionais", afirmaram as fontes. Procurada, a empresa indiana não retornou os pedidos de entrevista.
Segundo maior país produtor de açúcar e maior consumidor global da commodity, a Índia tem enfrentado adversidades em sua produção canavieira. A companhia é uma das maiores produtoras de açúcar refinado em seu país. No Brasil, se concretizar as aquisições, a empresa deverá elevar sua posição em açúcar demerara, que poderá ser exportado para a Índia para refino.
Com a entrada de um novo sócio, a Equipav deve também melhorar as condições de renegociação de suas dívidas de curto prazo de cerca de R$ 500 milhões, que foram recentemente repactuadas para pagamento em três anos, com carência de 12 meses. Segundo balanço de 31 de março de 2009, a Equipav detinha uma dívida total de cerca de R$ 1,6 bilhão.