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Delação põe à prova capacidade da JBS de resistir à turbulência

18 maio 2017 - 00h00Por Folha de S.Paulo

A resiliência da JBS será testada a partir desta quinta­-feira (18), quando investidores e credores da empresa começarão a calcular o impacto da delação firmada pelos irmãos Batista sobre os negócios da companhia.

Uma das maiores fabricantes de alimentos do mundo, a JBS sofre desde julho do ano passado com investigações que miram seus controladores. Desta vez, porém, os crimes cometidos por integrantes da sua cúpula serão expostos e detalhados, aumentando a já aguda crise de imagem da empresa.

O primeiro teste será na Bolsa: quanto a companhia consegue segurar seu valor de mercado. A cada investida policial, o preço das ações da JBS sofre um abalo. Mas tem se recuperado em seguida.

O segundo será na operação da empresa. A JBS tem 220 fábricas em 20 países, incluindo os Estados Unidos e a Austrália, e clientes em todos os continentes. Por essa razão, é mais difícil que os efeitos aqui sejam sentidos —ao menos no curto prazo.

Na avaliação do presidente de um dos maiores bancos do país, credor de fatia importante da dívida da JBS, a companhia é sólida e não há risco de insolvência.



Segundo esse banqueiro, a situação da empresa é muito diferente, por exemplo, da enfrentada pela Odebrecht, que se viu enredada no escândalo de corrupção num momento em que muitos de seus projetos ainda não davam retorno esperado e dependiam de vultosos investimentos.

A JBS, por outro lado, fez aquisições relevantes nos últimos anos, e entra na crise em situação financeira mais confortável —fechou 2016 com receitas de R$ 170 bilhões e dívida líquida de R$ 47 bilhões.

A estratégia de identificar bons alvos para compras e abocanhá-los no mercado catapultou a JBS ao posto de poderosa multinacional. E foi justamente o acesso a recursos públicos para essa expansão que levou a empresa à mira dos investigadores.

Escalada


O negócio da família Batista no setor de carnes começou em 1953 em Anápolis (GO), onde José Batista Sobrinho, pai dos agora delatores Joesley e Wesley, abriu um açougue. Atraído por incentivos fiscais, em 1957 mudou­se para Brasília e, anos mais tarde, transformou a Casa de Carnes Mineira na JBS.

A empresa cresceu nas décadas seguintes, mas o grande salto veio na era Lula.

Em 2005, partiu para expansão internacional na Argentina. Dois anos mais tarde, com a ajuda do BNDES, mudou de patamar.

O banco injetou R$ 1,1 bilhão na empresa para viabilizar a compra da Swift nos EUA e na Austrália. A JBS virava, assim, a maior produtora de carne bovina do mundo.

A fórmula repetiu­se nos anos seguintes. Com o dinheiro do banco público, a JBS não parou mais de comprar.

Vieram as aquisições de Smithfield, National Beef, Tasman e Pilgrim's Pride, Bertin. A empresa dos irmãos Batista tornara­se o exemplo mais bem acabado da política dos "campeões nacionais" do governo petista. Em 2010, o BNDES já havia despejado R$ 5 bilhões na JBS.

Os irmãos sempre negaram irregularidades na obtenção dos recursos. À Folha, em fevereiro deste ano, Joesley Batista afirmou não ter feito nada de errado e se disse "perplexo" com a corrupção que sabia que existia pela TV. Esse roteiro fantasioso ficou para trás. Falta saber até onde irão as revelações dos Batista.

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