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Como a Copa do Mundo pode afetar o mercado do boi?

15 junho 2018 - 00h56Por DBO Rural

Mesmo com a frustração da retomada econômica e os impactos da greve dos caminheiros, no fim de maio, a cadeia produtiva de carne bovina vive a expectativa de alta nos preços para o restante de 2018. Para reverter o cenário baixista atual, o setor espera se apoiar em fatores sazonais que costumam elevar o consumo interno no segundo semestre.

O ponta-pé inicial foi dado com a Copa do Mundo, que teve sua primeira partida realizada nesta quinta-feira, 14 de junho. Durante o evento a população costuma se reunir com a família e amigos para um churrasco e isso se reflete em uma ligeira melhora no consumo em um período de menor oferta de animais. “A competição por si só não faz nenhum milagre, mas o consumo de carne em dias de jogos do Brasil costuma ser maior do que em fins de semana e feriados de anos convencionais”, destaca o analista de mercado da Scot Consultoria, Hyberville Neto.
 
Para exemplificar o impacto da Copa no mercado do boi, Hyberville fez uma simulação de como o aumento do consumo pode se refletir no volume de animais abatidos durante o evento. “Tomando por base a população de 208 milhões de pessoas e supondo que 10% dessas pessoas comam dois churrascos a mais no período do torneio, à média de 300g de carne bovina por pessoa, teriamos 16.200 toneladas de carne ou, na conversão por carcaça, 60.100 cabeças (18@)”, calcula o analista. E acrescenta: caso essa produção ocorra dentro de um mês, com 22 dias de operação, o impacto será de 2.700 animais abatidos a mais por dia.
 
A proporção pode ser ainda maior se a projeção levar em conta apenas os cortes do traseiro, que normalmente são os mais utilizados para preparo na grelha e representam 49% da carcaça bovina. Caso esse ajuste seja feito, o incremento nos abates diários será de 5.700 cabeças.
 
“Isso não é suficiente para sustentar o mercado, mas, sem dúvida, ajuda muito”, conclui o analista,observando que a simulação é conservadora, pois leva em conta o consumo de apenas 10% da população e a realização de dois churrascos. Apenas na fase de grupos da competição, o Brasil joga três vezes. Caso siga em direção à final, os números podem ser ainda mais relevantes.
 
De acordo com levantamento da Scot Consultoria, nos últimos 17 anos (2000 a 2017), nos anos de Copa, o preço da arroba subiu uma média de 22% entre os meses de maio em outubro. Já nos anos sem o evento, as cotações tiveram alta média de apenas 0,6%, no mesmo período.
 
Eleições – Além do torneio de futebol, o aumento significativo do consumo de quatro em quatro anos também está ligado a outro evento realizado nesse intervalo de tempo – as eleições presidenciais. A analista de mercado da Agrifatto, Lygia Pimentel, explica que o pleito eleitoral promove uma injeção de capital na economia por meio dos financiamentos de campanha, o que é potencializado pelo período em que ele acontece.
 
“Normalmente o consumo já sobe no segundo semestre, assim como o número de abates e o preço da arroba. Com esse aporte de capital durante as eleições em outubro, essa movimentação é ainda maior”, explica Lygia.
 
Neste ano, o consumo de carne bovina no segundo semestre também pode ser impulsionado pela melhora na competitividade da carne bovina no varejo em função da disparada de preços das outras proteínas, causada pela greve dos caminhoneiros. Segundo levantamento da Scot Consultoria no fim de maio, era possível comprar 1,93 kg de carne de frango com o preço de 1 kg de carne bovina. No mesmo período do ano passado essa relação de troca era de 2,63.
 
Com o cenário da provável alta no consumo, aliado ao período de baixa disponibilidade de animais para o abate, o boi gordo terá espaço para altas significativas no segundo semestre. De acordo com projeções da Agrifatto, a expectativa é que em outubro a arroba alcance a cotação entre R$ 153 a R$ 157 no mercado físico em São Paulo.