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Brasil subaproveita seu potencial para a ovinocultura

07 outubro 2009 - 00h00

No Brasil há um dos melhores climas do mundo para a criação de ovinos, um animal de clico curto, do nascimento ao abata são apenas seis meses, nos açougues o quilo dos cortes mais nobre pode alcançar até R$ 35,00. Panorama ideal para se ter uma ovinocultura forte. Contudo, não é isso o que acontece no país, para atender a demanda interna temos de importar 60% do que consumimos do Uruguai.

Para começar a preencher esta lacuna tem de haver investimentos no melhoramento genético e, com isso, se conseguir animais mais adaptados ao sistema de produção. “No Brasil, se o rebanho é criado à pasto há muitos problemas de verminose, portanto, o melhor sistema é o confinamento. Mas ainda prevalecem rebanhos sem uma raça definida, que não são os ideais para serem confinados”, explica Fernando Alvarenga Reis, pesquisador da Embrapa Caprinovinocultura de Sobral (Ceará), que coordena o núcleo Centro-Oeste de ovinocultura em Campo Grande.

Na competição pelo mercado temos os produtores nacionais, que tem a vantagem climática, em relação aos uruguaios. A ovelha tem seu ciclo de reprodução ligado diretamente à quantidade de luz solar que recebe durante o ano, por estarmos mais ao norte no hemisfério sul, há uma quantidade maior de raios do sol ao decorrer do ano. Como conseqüência, há três parições em dois anos. O Uruguai apenas uma ao ano.

Mas, se aqui podemos produzir mais animais, os uruguaios produzem mais barato, pois conseguem escala industrial mantendo o gado se alimentando com pastagem nativa, que tem mais proteína, se comparada com a pastagem comumente encontrada no Centro-Oeste, a brachiaria.

Como estamos -Segundo Reis, em Mato Grosso do Sul há dois tipos ovinocultores, aquele que se profissionalizou e os que ainda tratam os pequenos animais como se fossem gado bovino, tanto na criação, quanto na lida. “Com a ovelha a lida é diferente, é um animal dócil, sensível, que dispensa o uso da força no trato diário”, cometa, destacando que a mão-de-obra especializada é outra barreira para a expansão da atividade. “Mas, de uma forma geral, a ovinocultura tem crescido no Estado”, comenta.

O pesquisador lembra que o criador sul-mato-grossense tem interesse em melhorar a ovinocultura e que a abertura do Frigorífico JS, em Campo Grande, fomentou ainda mais a criação. Porém, depois de algum tempo, começaram a vir os problemas, como a falta de padronização de carcaça, por conta disso, hoje o principal produto do frigorífico é a carne de avestruz.

Doença do pasto – Durante o período da tarde, os criadores e estudantes que participaram das palestras da 1ª Expo MS tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre uma doença comum entre as ovelhas, e que pode ter ligação direta com o tipo de pastagem mais encontrada no Centro-Oeste, a brachiaria.

Pesquisa realizada pelo professor Marcos Barbosa Ferreira, coordenador dos projetos do Centro de Tecnologia em Ovinocultura, aponta que a fotossensibilização hepatógena –uma doença que causa queimaduras na pele dos animais, principalmente na cabeça de ovinos-, é causada pela ingestão de brachiaria.

Conforme Ferreira, um tipo de substância do grupo das saponinas, presente nessa espécie de capim, causa aos ovinos problemas renais e dermatológicos. As evidências de que os animais estão intoxicados com a saponina são queimaduras nas orelhas e olhos opacos.

Como, para a maioria dos produtores, trocar de pasto não é uma opção, Ferreira está selecionando os animais que são resistentes a substância tóxica, o que, no futuro, pode resultar em um tipo de ovelha melhor adaptada as condições de alimentação encontradas em grande parte das fazendas de Mato Grosso do Sul.