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Boi: empresa importa método de combate ao estresse

28 agosto 2017 - 14h53Por Canal Rural
Boi: empresa importa método de combate ao estresse

Conduzir o gado de forma inadequada pode elevar o seu nível de estresse e, consequentemente, afetar a sua saúde e desempenho. Isso ocorre, por exemplo, com o uso de bastões de choque, chicotes e outros instrumentos utilizados em fazendas do mundo todo. Contribuindo para preservar o bem-estar animal, a empresa Zoetis começa a disseminar no Brasil a técnica chamada “Nada nas Mãos”. Como o próprio nome sugere, o manejador conduz os bovinos apenas com o seu olhar e os próprios movimentos corporais, posicionando-se no campo de visão do animal.

Essa prática tem como foco proporcionar bem-estar aos animais, resultando em menos estresse para o gado e para a pessoa que o conduz, por meio de uma comunicação tranquila entre manejador e o rebanho.

Um dos pioneiros mundiais da técnica é o brasileiro Paulo Loureiro, líder de Desenvolvimento Comercial e Inovação Global de Bovinos e Equinos da Zoetis. “Cursei medicina veterinária e desenvolvi a minha técnica ao longo dos anos. Se existe um segredo, talvez seja tentar sempre ganhar a confiança dos animais, a começar pelos líderes. O objetivo maior é sempre gerar bem-estar e segurança, tanto para os bovinos quanto para os manejadores”, afirma.

Benefícios

Loureiro defende que os animais precisam se sentir confortáveis onde vivem. “Quando removemos fatores de estresse e nos portamos como guias, os bovinos passam a confiar no manejador e ficam mais tranquilos. Dessa forma, é mais fácil detectar doenças em estágio inicial, uma vez que os bovinos aprenderam a esconder sintomas para não serem deixados para trás pelo rebanho”, explica.

Os benefícios vão além: animais com baixo nível de estresse apresentam melhor imunidade e respondem melhor a vacinas, favorecendo a produtividade. O estresse em bovinos compromete o ganho de peso, aumenta a incidência de doenças e a mortalidade.

A técnica "Nada nas Mãos" também traz mais segurança aos tratadores, possibilitando que trabalhem de forma mais confortável e não se machuquem. Outra vantagem é que a aplicação da técnica, normalmente, exige nenhuma ou apenas pequenas mudanças nas instalações.

Treinando brasileiros

Desde 2001, Loureiro ministra treinamentos sobre a técnica em diversos países. O seu método foi aperfeiçoado ao conhecer o médico veterinário norte-americano Tom Noffsinger, que aplicava uma técnica semelhante em fazendas nos Estados Unidos.

Ambos estiveram no Brasil na primeira semana de agosto, para treinar médicos veterinários e fazer apresentações a produtores brasileiros, em Goiás e em Mato Grosso, juntamente com a médica veterinária Adriane Zart, consultora da Personal Pec (Campo Grande - MS) e uma das maiores especialistas da técnica no Brasil. Uma das apresentações ocorreu durante encontro do Grupo GERAR Corte realizado em Cuiabá (MT), em 4 de agosto.

Efeitos nocivos do estresse

Pesquisas demonstram que animais submetidos a fatores que causam estresse, seja físico ou psicológico, acabam apresentando diversos problemas de saúde.

Um estudo da Universidade Estadual do Kansas (EUA) comparou dois grupos de bovinos de confinamento no transporte para o abate: um grupo submetido a manuseio com baixo nível de estresse e o outro com alto nível.

No segundo grupo, ficou comprovado o impacto negativo nos processos metabólicos dos animais, com aumento considerável das concentrações de hormônios do estresse.

Ao final, tais alterações metabólicas pré-abate geraram carcaças de pior qualidade, com alterações de pH devido à mobilização de glicogênio dos tecidos.

O estresse também pode afetar a eficácia da vacinação e ganho de peso de bovinos, como verificou uma pesquisa com 528 bezerros submetidos a desmame e transporte, também divididos em dois grupos.

Os animais vacinados após 14 dias de aclimatação (em que o manejador, aplicando manejo “Nada nas Mãos”, fez com que os bovinos se sentissem confortáveis e tranquilos ao chegarem no confinamento) apresentaram melhor resposta à vacina e maior ganho de peso no período (1,16 kg vs. 0,88 kg) do que os que foram vacinados na chegada ao destino, em condições de aumento de estresse.