Com a interrupção da certificação de novas remessas de carne bovina ao mercado chinês a partir de 23 de fevereiro (devido à suspeita de um novo caso atípico de “vaca louca” no Brasil), a tendência é de que o bônus pago pelos frigoríficos habilitados para exportar ao país asiático se encerre temporariamente, prevê a Agrifatto.
“O que é pago atualmente com um adicional de R$ 20/@ pelo animal com destinação ao mercado chinês (abatido mais jovem, com até 30 meses) deve ser interrompido e o boi gordo deve flertar com os R$ 280/@ pago pelo animal comum (base São Paulo)”, afirmam os analistas da consultoria.
Segundo a Agrifatto, o fim do ágio pago ao “boi-China” está pautado no “spread” (diferença) que existe entre o dianteiro desossado que é enviado para a China e o valor do dianteiro que é encaminhado para o mercado interno brasileiro – atualmente em torno de 40%.
Na avaliação da consultoria, a maior dificuldade da cadeia pecuária atual é dar direcionamento para esse montante de carne que seria destinado aos chineses e que precisa ser estocada/consumida.
“A grande dúvida é saber quanto tempo durará a interrupção dos embarques à China”, afirma a Agrifatto, que acrescenta: “A extensão desse problema por mais de 30 dias pode trazer consequências negativas para a precificação do boi gordo, considerando principalmente o atual momento vivenciado dentro do ciclo pecuário, com a oferta de fêmeas expandindo mês após mês e um mercado interno bem abastecido com essa categoria”.
Em 2022, a China respondeu por cerca de 20% do consumo total da nossa proteína, chegando a picos de 25% durante o último quadrimestre do ano.
Ainda de acordo com a Agrifatto, diante do observado durante o segundo semestre de 2022 (quando a China resolveu reduzir fortemente o preço pago no dianteiro brasileiro), “nota-se que o mercado interno brasileiro não tem “forças” para aguentar um boi gordo de R$ 300/@ com o nível de oferta que foi disponibilizado nos últimos meses”.