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Bezerra gir leiteiro é clonada para melhorar a produção de leite no Brasil

11 dezembro 2017 - 12h57Por Globo Rural

Com quatro meses, a bezerra Acácia tem energia de sobra para gastar no pasto. Ela é uma gir leiteiro, uma raça zebuína, de origem indiana. É o primeiro clone da raça, desenvolvido pela Embrapa Cerrados. O estudo começou em 2013, no Centro de Tecnologias em Raças Zebuínas Leiteiras, no Gama, Distrito Federal. O animal é resultado de uma pesquisa para melhorar o processo de clonagem.

 
A Acácia é uma cópia da vaca Calidora, de três anos. Ela foi escolhida por ter excelente genética, como explica o veterinário e pesquisador, Carlos Martins.
 
O sucesso da clonagem surpreendeu os pesquisadores. “Ela está mais ou menos com 80 quilos já nessa idade. Já está comendo bastante alimento concentrado e volumoso. Então, está de acordo com o manejo para animais de origem leiteira para ser acasalado com uma idade mais antecipada”, explica o médico veterinário da Embrapa Cerrados, Álvaro Moraes.
 
Os animais juntos são quase idênticos. Têm a mesma tonalidade de pelos e estrutura física.
As duas vacas têm 95% de semelhanças. Com isso, a genética delas é praticamente igual. A ideia é criar animais com qualidade superior, mais resistentes ao Cerrado e assim, aumentar a produção de leite. Hoje, uma vaca gir comum dá, em média, 12 litros de leite por ordenha. Já os animais de boa genética chegam a 20 litros.
 
Com a vantagem, segundo o pesquisador e médico veterinário, Carlos Frederico Martins, de que o leite da vaca gir provoca menos alergia. “A vaca gir tem uma prevalência no seu leite de uma proteína chamada beta caseína A2, uma fração da beta caseína, que é menos alergênica ao consumo humano, para aquelas pessoas que possuem alergia ao leite”.
 
O processo de clonagem é feito em um laboratório e leva poucos minutos. O óvulo de uma fêmea qualquer é selecionado. Com a ajuda de um microscópio, o pesquisador retira o núcleo, onde estão as informações genéticas da vaca. Depois, dentro do óvulo, coloca a célula do animal que será clonado. No caso da Acácia, foi um pedaço da pele da Calidora. O óvulo vai carregar as características da vaca original.
"O touro está descartado, não participa em momento algum. Nós temos só participação da fêmea no caso, com o óvulo e da célula do indivíduo a ser clonado. Nós podemos clonar um macho, mas não tem a participação do espermatozóide", explica Martins.
 
O embrião ainda vai para uma câmara de cultivo.  Uma semana depois, o embrião já está pronto. É nesse momento que ele é colocado numa vaca qualquer. A genética do animal não importa, porque as características do bezerro já estão no embrião.
 
O processo sai entre R$ 30 mil e R$ 40 mil. O projeto da Embrapa quer diminuir os custos da clonagem para que mais produtores tenham acesso ao melhoramento genético. Paulo Horta tem 40 vacas gir leiteiro, com boa qualidade genética. O criador fez uma parceria: entrou com o material genético de três animais e a Embrapa com a tecnologia. Metade dos clones nascidos vai ficar para pesquisa. Os outros seguem para a fazenda de Paulo.
“Animal tem alta produção, de alta qualidade e que eu quero garantir que os descendentes dela serão pelo menos iguais a ela”, fala Paulo.
 
A Embrapa Cerrados já tem parcerias com outros três criadores. Quem tiver animais com alta qualidade genética, e tiver interesse no processo de clonagem, pode procurar a Embrapa para novas parcerias.