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Avanços tecnológicos dão impulso às lavouras no País

26 julho 2010 - 00h00Por Estadão, por Fernando Dantas.

Uma série de avanços técnicos, abrangendo os principais produtos agrícolas brasileiros, contribuiu para que as lavouras quadruplicassem o valor nominal da sua produção de 1996 a 2006, e aumentassem a sua participação na riqueza do campo. Além disso, houve um grande aumento dos preços das principais commodities agrícolas na última década, puxado pela demanda chinesa e asiática.

Mauro Lopes, pesquisador do Centro de Economia Agrícola (CEA) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio, nota que a venda de máquinas agrícolas cresceu a um ritmo anual de 8,7% durante dez anos, enquanto a área cultivada expandiu-se a uma taxa de 1,2% ao ano. Essa mecanização intensa combinou-se com diversos avanços biológicos para, na visão dele, criar "uma das agricultura mais competitivas do mundo".

Um dos principais avanços, ele observa, foi a chamada "soja tropical" da Embrapa, que permitiu que o seu cultivo se espraiasse a partir do norte do Paraná, chegando ao cerrado do Centro-Oeste e hoje já atingindo a Bahia, o Maranhão, Piauí e as bordas da Amazônia. O pesquisador nota ainda que a variante transgênica, ao trazer redução de custo de defensivos agrícolas, "salvou a soja no Rio Grande do Sul".

Outra conquista da Embrapa foi a adaptação do algodão ao cerrado. Com isso, como explica Ignez Vidigal Lopes, esposa de Mauro Lopes, e também pesquisadora do CEA, "o algodão mudou de fronteira, saindo do Sul e indo para o Centro-Oeste".

Os pesquisadores citam também, como desenvolvimentos importantes da agricultura brasileira, a "safrinha", a segunda safra anual de milho, plantada em fevereiro, e que hoje já é maior que a safra de verão em Mato Grosso; o arrozlongo-fino irrigado do Rio Grande do Sul, que permitiu se passar de 5 mil para 8 mil quilos por hectare, e o pré-germinado, que chega a dez mil quilos por hectare; o milho saracura de raiz profunda, mais resistente à seca; o aumento de produtividade da cana, que saiu de 85 para 140 toneladas por hectare em São Paulo; e o feijão irrigado com pivô central; entre outros.

Agricultura familiar

O trabalho "Quem Produz o Que no Campo: Quanto e Onde II", que teve como principais pesquisadores Ignez, Mauro e Daniela de Paula Rocha, do CEA, [/TEXTO]e foi divulgado este ano, mostra ainda que a agricultura familiar perdeu participação nos principais produtos agrícolas.

A pesquisa, com base no Censo Agropecuário de 2006, mostra que 3,3 milhões de propriedades rurais no Brasil podem ser consideradas de agricultura familiar, como base nos critérios de enquadramento no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Os estabelecimentos não enquadráveis são 1,6 milhão, perfazendo um total de 4,9 milhões de propriedades rurais no Brasil.

As propriedades enquadráveis no Pronaf são responsáveis por 19,5% da produção rural, e as não enquadráveis, por 80,1%. A participação da agricultura familiar (enquadrável) na produção, entre os Censos Agropecuários de 1995/1996, caiu de 22,5% para 20% em grãos; de 42,2% para 36,1% na horticultura; de 73,2% para 48,7% na mandioca; de 23,7% para 19,5% na batata; de 19,8% para 0,5% no algodão; de 14,4% para 8% na laranja; e de 86,3% para 74% no fumo. A participação aumentou no período de 4,3% para 4,5% na cana; e de 4,8% para 8,5% na silvicultura.