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PECUÁRIA

Associação de Criadores da Raça Sindi discutem futuro no Brasil

Como raça de dupla-aptidão, o desafio é manter expansão no mercado de animais sem perder a essência do que a raça zebuína paquistanesa tem de melhor a oferecer

07 fevereiro 2023 - 08h55Por DBO Rural

A Associação Brasileira dos Criadores de Sindi (ABCSindi) realizou, nos dias 2 e 3 de fevereiro, seu Fórum e Encontro Técnico “Cenários e Perspectivas para a raça Sindi”, com apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e de patrocinadores.

Com bastante transparência e coragem, os selecionadores da raça ouviram atentamente a palestra de Thiago Bernardino de Carvalho, professor e pesquisador da Unesp de Botucatu (SP) e do Cepea/Esalq/USP de Piracicaba (SP), que trouxe “perspectivas para o cenário mercadológico da pecuária brasileira”, no geral, carne e leite.

Carvalho enfileirou as incertezas políticas e econômicas do Brasil que afetam diversos setores da produção nacional, inclusive da pecuária bovina, como controle de gastos públicos, da inflação, disponibilidade de investimentos, comportamento do câmbio, juros altos e consumos interno e externos. Contudo, o pesquisador deixou otimismo para a próxima temporada e futuro.

“Eu acredito em calmaria em função da política social e do desenvolvimento que o governo vai implementar, ainda que as contas dessas iniciativas cheguem logo mais na frente”. Ele ainda tratou dos impactos do novo ciclo de baixa da bovinocultura de corte. “Em 2023 teremos mais oferta de boi gordo, mas há uma luz nas exportações crescentes e um esperado aumento no consumo interno, principalmente no 2º semestre, quando despesas tradicionais do 1º semestre como férias, IPTU, IPVA, material escolar etc, não existem”, disse Carvalho.

Um balanço expressivo

O pesquisador do Cepea exaltou a oportuna ação dos criadores de fazer um balanço da raça e tentar definir novos rumos sobre bases concretas. Uma delas é o próprio desempenho mercadológico da raça, trazido pelo presidente da ABCSindi, Orlando Cláudio Procópio. De 2017 para 2021, em Registro Genealógico de Nascimento (RGN) a raça cresceu de 2.731 para 6.726 animais.

Em Registro Genealógico Definitivo (RGD), no mesmo período, de 1.640 para 4.427, registrando crescimento de 170%. No número de sócios, de 2018 a 2022, de 64 para 251; enquanto que na comercialização de sêmen, segundo Index Asbia para o mesmo período, de 35,5 mil para 236,2 mil doses. Um crescimento de notáveis 565%.

Frente a esses números, Procópio alertou: “Não se deve sair dos trilhos da raça, mesmo revisando o que é preciso revisar, por uma questão de responsabilidade, até com o mercado. Vejam que, segundo a DBO, em 2022 foram realizados 43 leilões para mais de 2 mil animais, com média de R$ 23 mil para machos, R$ 38 mil para fêmeas e R$ 51 mil para embriões”.

Olhando para frente

 Conforme alertou Carvalho, “o custo crescente da terra no Brasil é uma ameaça constante à produção pecuária. O produtor não tem como sobreviver sem adquirir tecnologia, melhorar muito sua produtividade e, assim, ganhar caixa e competitividade”. Está posto um grande desafio pela necessidade e se produzir cada vez mais com menos, carne e leite.

E como fazê-lo sem a especialização? Essa é ainda a grande questão a ser respondida, motivo de todo o evento. A raça de porte mediano fez seu ressurgimento no Brasil a partir de sua capacidade de sobreviver em regiões muito adversas, principalmente onde o capim mais sofre com a seca.

Ao final das palestras no 1º dia, em mesa redonda, criadores, técnicos e pesquisadores manifestaram suas análises quanto ao que é a raça e os seus rumos. Já no 2º dia, com observações a partir de animais expostos no próprio Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG), sede do encontro, todos puderam defender seus pontos de vista.

Medidas e pendências

A ABCSindi anunciou que produzirá anais do Fórum e, a partir dele, uma carta oficial indicando os caminhos que espera da seleção da raça, pedindo mudanças ao CDT sobre padrão racial se considerar necessário.

Até lá, orienta que os selecionadores sigam no trabalho de melhoramento focando a dupla-aptidão, seguindo com excelência as definições mais rigorosas e consideradas ideais no documento de padrão racial do Sindi que está atualmente definido pelo CDT e homologado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Além das palavras dos presidentes Orlando Procópio (ABCSindi) e Gabriel Garcia Cid (ABCZ), contribuíram com palestras Luiz Antônio Josahkian, superintendente técnico da ABCZ; e Lauro Fraga, gerente de Melhoramento Genético da ABCZ. A plenária contou com os pesquisadores Carlos Frederico Martins e Isabel Cristina Ferreira, ambos do Centro de Tecnologia do Zebu Leiteiro (CTZL/Embrapa Cerrados).