Normalmente, quem tem um produto de boa qualidade consegue vendê-lo por um preço mais alto. Mas nem sempre é assim na pecuária de corte, muitas vezes o pecuarista não consegue o retorno do investimento na hora de vender o boi.
Para resolver essa situação, há nove anos, um grupo se juntou é criou a Associação de Produtores do Novilho Precoce. “Nós tínhamos um produto com melhor acabamento de carcaça, mas, na hora de vender, caia na vala comum e recebia o mesmo preço que os outros”, lembra Nedson Rodrigues, presidente da Associação, que, durante a 1ª Expo MS, ministrou uma palestra sobre as vantagens de se associar.
De acordo com Rodrigues, a solução encontrada foi uma parceria mercadológica, onde o produtor se compromete a entregar os animais com um determinado padrão e certas garantias e o frigorífico ou o varejista paga um bônus ao pecuarista.
O acordo deu certo, tanto que há nove anos o a Associação tem seus animais destinados as rede de supermercados Carrefour. “Não conheço uma parceria na área que durou tanto tempo assim”, comenta.
As garantias - Mas os critérios de produção não são limitados à padronização da carcaça do animal. “Hoje, o consumidor quer mais que isso. Ele exige que, durante a produção, o meio ambiente seja respeitado, bem como as leis trabalhistas, que a carne seja livre de resíduos. Também tem preocupação com o bem estar do animal e com as condições de trabalho dos funcionários da fazenda. Antes de saber se o boi é gordo, jovem e sadio, o consumidor quer de nós essas garantias. Quer saber como produzimos”, explica.
Apesar das exigências, o diferencial financeiro é visível na hora e receber pelo gado. Segundo Rodrigues, o Carrefour compra apenas novilha, mas paga a preço de boi menos 1%. Mesmo como desconto o produtor ainda sai no lucro, pois a arroba do boi está em torno de R$ 75,00 e a da vaca R$ 70,00 (preço ESAL Q).
Na venda para o frigorífico Bertin, a bonificação também é atrativa; por uma vaca entre 14 e 16 arrobas paga-se mais 5% sobre a cotação do dia do embarque, de 16 a 17,3 arrobas mais 7%, e acima de 17,3 arrobas o preço é de boi. “Não ganhamos sempre, mas, no longo prazo, vendemos com um preço melhor do que se fosse oferecido no mercado normal”, atenta Rodrigues.
Com estes resultados os associados vendem 40 mil animais por ano a seus parceiros comerciais.
Para garantir que a carne produzida esteja no padrão que o comprador quer a Associação mantém um técnico que todos os anos faz vistorias nas fazendas dos cerca de 200 sócios. “Ele realiza a auditoria e faz recomendações”, acrescenta. Além da inspeção interna, o Carrefour também faz suas vistorias para saber se as propriedades estão cumprindo com os compromissos firmados.
Há ainda um técnico da Associação dentro do frigorífico, o qual inspeciona todos os animais que são abatidos e verifica se as carcaças estão no padrão exigido. “Se identificamos que um produtor não está conseguindo atingir o objetivo final, vamos até a propriedade ajudá-lo, inclusive convidamos ele para acompanhar o abate”, diz o presidente.
Para se juntar a Associação de Produtores do Novilho Precoce não basta preencher a ficha, um técnico vai até a propriedade e certifica-se de que todas as exigências serão seguidas. “Não é nada muito difícil, mas tem um básico que tem de ser feito”, finaliza Rodrigues.