O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou hoje um raio-x da agricultura familiar brasileira e em Mato Grosso do Sul mostra que esta modalidade sustenta a produção de alimentos essenciais à mesa da população, como o leite e o feijão. Também é grande a participação na produção de aves, ovos, suínos, café e mandioca.
No ano de 2006, tomado como referência para a pesquisa, havia 41.104 estabelecimentos da agricultura familiar em Mato Grosso do Sul, ocupando área de 1.190 206.hectares ao passo em que a agricultura não familiar ocupava 28.866.741 hectares com 23.758 estabelecimentos.
Um dado que chama atenção é que mesmo com uma área 96% menor que a dos grandes produtores, a agricultura familiar emprega um número próximo de pessoas. Em 2006 eram 97.431 trabalhadores ocupados nestas pequenas propriedades e 113.760 na agricultura não familiar.
Além disso, o número de mulheres ocupadas na agricultura familiar é 67% maior. Na agricultura familiar, 93% dos trabalhadores têm laços de parentesco com o produtor e na agricultura não familiar essa relação é de 39,3%.
Apesar de empregar o equivalente a 85% da agricultura não familiar, a receita da agricultura familiar é muito inferior. No ano de 2006, a receita de 25.113 estabelecimentos analisados foi de R$ 410.099.000 ao passo que dos 11.381 estabelecimentos da agricultura não familiar foi de R$ 2.839.397.000.
Sobre o valor da produção, a pesquisa considerou de 31.957 estabelecimentos da agricultura familiar (77%), R$ 499.547.000 e na agricultura não familiar 17.281 estabelecimentos (72%), avaliada em R$ 3.063.609.000.
Quanto aos produtos, a agricultura familiar responde por 56% da produção estadual de leite; 77% da produção de mandioca; 48% da produção de aves; 61,7% da produção de feijão de cor; 35,7% da produção de suínos; 65,9% da produção de café arábica e 22,4% da produção de arroz em casa.
Embora a pesquisa não cite hortifrutícolas, é sabido que grande parte da produção de frutas e verduras também se concentra na agricultura familiar. Em Campo Grande, inclusive, a prefeitura lançou este mês a feira de orgânicos, produzidos em assentamentos e que são vendidos a preços bem menores que de supermercados aos consumidores às quartas-feiras de manhã, na Praça do Rádio Clube.
Já as culturas de soja, milho e a bovinocultura são dominadas pela agricultura não familiar. Da produção de soja, 93,8% estão na agricultura não familiar; 94% dos bovinos e 89% do milho produzido.
Crédito – Uma das principais reclamações dos agricultores familiares é quanto os financiamentos. Eles alegam que muitas vezes não conseguem cumprir com as exigências de garantia dos bancos. A pesquisa deixa evidente que os grandes produtores têm muito mais facilidade.
Embora o número de empresas da agricultura familiar seja 73% maior, apenas 2.707 obtiveram financiamento para custeio no ano pesquisado, ao passo em que na agricultura familiar foram 3.250. Para investimento, conseguiram crédito 1.873 agricultores familiares e 1.113 não familiares.
De 36.210 agricultores familiares que não obtiveram financiamento, 3.903 alegaram que a burocracia foi o que dificultou e 1.036 alegaram falta de garantias. Outros 1.308 falaram que não conseguiram por estarem inadimplentes com empréstimos anteriores. Dentre os grandes produtores, a burocracia é o principal problema apontado.