A possível aplicação de uma tarifa adicional de 50% sobre a carne bovina brasileira exportada aos Estados Unidos pode desencadear um efeito dominó no comércio internacional de proteínas. A avaliação é da zootecnista Juliana Pila, analista da Scot Consultoria, que participou do programa Terraviva DBO na TV, exibido na quarta-feira, 16 de julho.
Segundo Juliana, caso a nova tarifa entre em vigor em 1º de agosto, a carne bovina brasileira perderá competitividade no mercado norte-americano, que deverá recorrer a outros fornecedores para suprir sua demanda. Esse reposicionamento abriria espaço para que o Brasil redirecione sua produção a outros mercados, aproveitando as lacunas deixadas.
“Se os EUA deixarem de comprar a carne brasileira, muito provavelmente vão ter que buscar fornecedores alternativos, como a própria Austrália, que já exporta carne bovina para os EUA, ou o México. E isso pode gerar um efeito dominó: esses países vão deixar de atender outros mercados, e isso pode abrir oportunidades para o Brasil redirecionar sua produção entre esses destinos. Seria um deslocamento pensando a médio prazo”, avalia Juliana.
A analista também alertou para os possíveis reflexos no mercado doméstico. Caso os embarques não sejam rapidamente redirecionados, parte da carne destinada à exportação pode ser absorvida internamente.
“Se as exportações não encontrarem novos compradores, parte desse volume pode ser direcionado para o mercado interno, barateando a carne bovina”, disse Juliana. No entanto, ela pondera que esse alívio nos preços pode ser passageiro, dependendo do ritmo da realocação das exportações.
Apesar da tensão no comércio exterior, a Scot Consultoria ainda projeta um segundo semestre mais positivo, com ajuste gradual da cadeia e recuperação da demanda externa.