Nesta terça-feira (25/10), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou um estudo que traça o perfil do trabalhador escravo rural no Brasil. De acordo com o levantamento, que considerou entrevistas realizadas com resgatados de fazendas do Pará, Mato Grosso e Goiás, a pecuária e o setor sucroalcooleiro lideram a lista dos que mais empregam pessoas em regime de escravidão.
De acordo com o coordenador do Projeto de Combate ao Trabalho Escravo da OIT, Luiz Antonio Machado, o perfil encontrado em campo confirma as informações do banco de dados do Ministério do Trabalho. Desde 1995, quando o governo criou o Grupo Especial de Fiscalização Móvel, mais de 40 mil trabalhadores foram resgatados de situação de exploração análoga à escravidão.
Em geral, o trabalhador exposto à escravidão contemporânea no Brasil é homem, negro, analfabeto funcional, tem idade média de 31,4 anos e renda declarada mensal de 1,3 salário mínimo. A grande maioria, 77%, nasceu no Nordeste.
Segundo Machado, a vulnerabilidade social é o principal vetor de exposição dos trabalhadores à situação de serviço degradante. “A pobreza é um catalisador desse problema social. É preciso garantir assistência às vítimas porque senão acabam voltando”.
Entre os trabalhadores entrevistados, 59,7% já haviam passado anteriormente por situação de trabalho escravo.