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PECUÁRIA INTENSIVA

Melhora nas margens estimula alta no confinamento de bovinos

Em 2025, estimativa é de aumento de 11,9% no número de animais sob engorda intensiva, segundo pesquisa Confina Brasil, da Scot Consultoria

05 dezembro 2025 - 14h10Por Cepea (www.cepea.esalq.usp.br)
Melhora nas margens estimula alta no confinamento de bovinos

Desde 2020, o confinamento de bovinos para engorda e terminação no Brasil tem crescido, em média, 5,3% ao ano. Em 2025, a estimativa é de incremento de 11,9% no número de animais confinados, reflexo da melhora da rentabilidade do negócio após um ciclo de margens mais ajustadas. Os dados fazem parte da pesquisa Benchmarking do Confina Brasil, divulgada pela Scot Consultoria.

A pesquisa, antecipada ao Valor, reuniu indicadores de 184 propriedades em 15 Estados brasileiros, consolidando dados de mais de 3,1 milhões de bovinos confinados. Do total, 2,6 milhões de cabeças são animais sob engorda intensiva destinados ao abate, uma alta de 18,4% em relação a 2024. Esse número equivale a 31,7% da estimativa nacional para 2025, de 8,3 milhões de bovinos sob confinamento. Goiás (601,2 mil cabeças) e São Paulo (538,3 mil) lideram o ranking nacional, seguidos de Minas Gerais (316,5 mil), Mato Grosso (309,2 mil) e Mato Grosso do Sul (281,1 mil).

Juntos, esses cinco Estados respondem por 78,6% de todo o volume confinado para abate da amostra mapeada em 2025. Um dos fatores que incentivaram o aumento da atividade neste ano foi o ganho de rentabilidade dos confinamentos. “Foi um ano de ganhos acima da taxa básica de juros, um cenário muito bom para o confinador, o melhor em seis anos para o setor”, afirma Felipe Fabbri, coordenador da equipe de inteligência de mercado da Scot.

A relação de troca entre os gastos com alimentação dos animais e o preço da arroba do boi contribuiu para essas boas margens. Em 2025, segundo a Scot, o custo médio da dieta de engorda entre os confinamentos mapeados foi de R$ 12,70 por cabeça/dia, 12,6% acima do registrado no levantamento de 2024. Já a arroba do “boi China” (animal com padrão para exportação ao país) registrou, no primeiro giro [com saída do boi do confinamento em julho), valorização média de 37,4% nas principais praças de produção pecuária.

A tendência de alta se manteve no segundo semestre. Apesar de variações mais modestas (6,3%), os preços no segundo giro foram ainda superiores à média do primeiro giro, com alta de 2,5%. De acordo com a Scot, esse movimento ocorreu num período de redução dos custos de reposição dos animais e de melhora na relação de troca com os principais insumos alimentares, contribuindo para a melhora nas margens dos pecuaristas.

Dados coletados na pesquisa mostram que para animais que entraram em confinamento no início de agosto para saída no início de novembro houve rentabilidades médias, por cabeça, de 26% no Mato Grosso do Sul, 17,5% em Mato Grosso e 17,1% em Goiás — considerando-se a diferença de preço entre a entrada no cocho e a saída para o abate. O cálculo considera o resultado por animal contra o custo total da operação (compra do boi magro e o gasto operacional do período). A integração entre pecuária e agricultura também tem contribuído para aumento dos confinamentos, de acordo com a pesquisa. Das fazendas visitadas, 71,8% têm área agrícola.

Em 2020, esse índice era de 40%. “Tivemos pecuaristas que passaram a ser agricultores, porque entenderam que era necessário produzir comida para os animais e trazer uma segurança maior para dentro do sistema, e agricultores que passaram a ser pecuaristas, integrando o confinamento na produção deles”, afirma Diego Rossin, coordenador técnico das pesquisas expedicionárias da Scot Consultoria.

A produção de alimento para o gado na propriedade ajudou a agropecuária Maragogipe, em Itaquiraí (MS), a atingir rentabilidades ainda maiores. “A gente faz uma arroba hoje, dentro do confinamento, com R$ 190, R$ 200, enquanto o preço do boi gordo está em R$ 320, o que nos dá uma margem acima de 50%”, afirma Lucas Marques, diretor de operações da Maragogipe. “Temos essa vantagem porque produzimos nossa silagem de milho, e o DDGS (Grãos Secos de Destilaria com Solúveis, coproduto do etanol de milho que é usado para ração animal) é oriundo de Dourados, que é muito perto daqui”, observa.

Em 2024, a agropecuária enviou para o abate cerca de 12 mil cabeças de bovinos confinados. Em 2025, deve fechar o ano com 17 mil animais destinados ao abate, um crescimento de 40%. Para 2026, a perspectiva é manter ou aumentar esse número, de acordo com Lucas Marques. Esse otimismo é confirmado pela pesquisa da Scot, que revelou que 78,8% dos confinadores esperam aumento no número de bovinos sob engorda intensiva em 2026 em relação a este ano.

No entanto, é preciso ter cautela, diz Fabbri, da Scot. “O custo de reposição está maior, o que pode acabar pressionando um pouco mais as margens. Também é preciso pensar na questão de alimentação. Está se desenhando um milho mais caro, especialmente a partir do segundo semestre”, acrescenta.