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Integração lavoura-pecuária-floresta, um caso de sucesso

07 dezembro 2011 - 13h31
Integração lavoura-pecuária-floresta, um caso de sucesso

Em Ipameri, GO fica a Fazenda Santa Brígida, hoje referência em integração de culturas e considerada um desenvolvimento do sistema de integração lavoura pecuária (ILP) para o sistema de integração entre lavoura, pecuária e floresta (ILFP).

Considerando que a área total do país é de 850 milhões de hectares, que 347 milhões são agricultáveis (passíveis de produção) e que atualmente 211 milhões de hectares são de pastagens e 60% destes estão em algum estágio de degradação, a ILPF pode ser um caminho interessante para a recuperação sustentável e rentável de pastagens.

Em Goiás, local da fazenda Santa Brígida, 80% das pastagens encontram-se em estágios de degradação.

A recuperação de pastagens vem passando por diferentes sistemas que vêm sendo melhorados, desde a recuperação direta com preparo do solo com arado, até a integração praticada atualmente, de plantio de culturas de ciclo curto (milho, soja, etc) junto com o plantio da pastagem.

Além da recuperação de pastagens estar sendo melhorada, a integração para recuperação também vem se desenvolvendo. Já passou pelo sistema Barreirão, Santa Fé e hoje o sistema Santa Brígida é considerado a nova solução para recuperação de pastagens com melhor aproveitamento do solo e com maior rentabilidade, aproveitando a venda do grão para financiar o plantio da pastagem.

O sistema Santa Brígida começou a ser desenvolvido em 2002 quando a proprietária Marize Porto Costa decidiu recuperar os pastos degradados e foi em busca de uma forma diferente dos métodos tradicionais utilizados na região procurando uma maneira com maior viabilidade econômica, pois desde recuperar a pastagem, recriar, terminar e abater o gado é preciso um longo período.

Em 2005, Marize procurou a Embrapa de Goiânia e conheceu João Kluthcouski, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão - Goiânia, GO que sugeriu a ILP para recuperação das pastagens e Marize concordou, já que a receita da lavoura financiaria o plantio da pastagem.

No primeiro ano, foi plantada soja que pagou parte do investimento em máquinas. Logo após, foi plantado sorgo com um repasse para terminação de gado após sua colheita. Então foi iniciada a integração de milho com braquiária com plantio direto. Após a colheita do milho fez-se outro repasse para terminação de gado na pastagem e a partir daí a fazenda vêm integrando milho e pastagem com soja.

Não bastasse essa integração, o eucalipto foi introduzido na propriedade como investimento de longo-prazo para renda adicional além dos benefícios ambientais.

As árvores são plantadas em duas linhas com 24 metros entre linhas, onde no verão são plantados milho e braquiária ou soja, e no inverno há pasto verde para recria e terminação de animais. Devido ao regime de chuvas, a pastagem é utilizada de março a julho, quando parte dos animais são terminados em confinamento. A fazenda acaba produzindo o ano todo, mesmo durante a seca do cerrado.

O primeiro corte da floresta será em 2012 e Marize diz que a fonte de recursos para todo o processo de recuperação da propriedade foram financiamentos, principalmente do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do governo federal.

Para continuar a desenvolver o sistema Santa Brígida de ILPF, Marize disponibilizou para a Embrapa uma área de 60 ha de sua fazenda para experimentos de integração, onde são testados plantios de integração de pastagem com leguminosas.

Um dos pontos curiosos é por que esse sistema não é difundido em larga escala e o que é necessário para começar ser, considerando que a técnica encontrada atualmente é viável, praticada no sistema Santa Brígida.

Alguns pontos que se pode levantar como causa da não utilização de ILPF são a falta de habilidade em gestão empresarial na produção rural do país de maneira geral, e também a questão cultural de pecuaristas frente à agricultura. Além da questão de que o pecuarista tradicional não possui o maquinário necessário para prática de agricultura.

É interessante observar que no longo-prazo as tecnologias vêm se desenvolvendo e sua utilização vem aumentando conforme maior rentabilidade atingida. É como se a rentabilidade e a necessidade de aumento de produtividade viessem puxando a maior adoção de tecnologia.

O sistema Santa Brígida foi apresentado em evento do Núcleo Feminino do Agronegócio "Como ganhar com a ILFP?", realizado no final de novembro, em São Paulo.

Estiveram presentes a Marize Porto Costa (fazenda Santa Brígida); Mônica Bergamaschi, Secretária de Agricultura de São Paulo; José Luís Coelho e Paulo Herrman, consultores da John Deere e Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex- ministro da Agricultura.