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EFEITO TRUMP

Exportadores de carnes terão que focar na Ásia devido ao tarifaço, diz Abrafrigo

Não há países para absorver exportações tão rapidamente e o setor pode ter que direcionar as exportações ao Oriente Médio

01 agosto 2025 - 13h07Por Globo Rural
Exportadores de carnes terão que focar na Ásia devido ao tarifaço, diz Abrafrigo

A confirmação de uma tarifa adicional de 40% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, que somada aos 10% anunciados em abril vai a 50%, é uma medida considerada muito ruim para os exportadores de carne bovina. Isso porque o setor já contava com uma taxa de 26,4% antes das sobretaxas anunciadas neste ano, totalizando agora 76,4% em tarifas, o que inviabiliza os embarques ao mercado americano e força o setor a focar em compradores da Ásia e Oriente Médio.

Paulo Mustefaga, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), diz que a escalada de ações que prejudicam toda a economia brasileira é extremamente preocupante para o setor produtivo e toda a sociedade brasileira. “Nenhum dos produtos da cadeia da carne bovina exportados para os EUA estão contemplados na lista de isenções. Mantemos nossa estimativa de perdas de vendas do Brasil para lá de US$ 1,3 bilhão em 2025 e de até US$ 3 bilhões no ano que vem, caso as tarifas não sejam revertidas”, afirmou Mustefaga.

Recentemente, a entidade estimou em US$ 1,3 bilhão o prejuízo para o setor com as tarifas norte-americanas apenas em 2025. Além da carne bovina resfriada ou congelada, o levantamento leva em consideração carne enlatada e o sebo bovino. “A carne bovina não ter sido inclusa na lista de exceções de produtos que não serão tarifados é muito ruim”, afirmou Fernando Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado.

O suco de laranja brasileiro, por exemplo, foi uma das exceções e escapou da nova taxa. Iglesias avalia que o cenário se tornou problemático para o mercado da carne, uma vez que os americanos vinham comprando volumes elevados de carne bovina do Brasil neste ano. “Nós vamos precisar buscar mercado lá fora para suprir essas nossas necessidades de demanda. O Brasil vai ter que focar em mercado asiático, no Oriente Médio, o mercado chinês, que é um parceiro comercial importante”, ressaltou o especialista sobre as alternativas que restam aos frigoríficos brasileiros.

Vale destacar que os produtos embarcados até 5 de agosto não sofrerão com as tarifas adicionais, e as cargas que chegarem aos portos americanos até o dia 10 de agosto também não. Apesar do cenário preocupante, as ações dos principais frigoríficos de carne bovina do país negociadas na B3 operam em alta.

Por volta das 16h25, os papéis da Minerva subiam 3,19% e os da Marfrig avançavam 3,30%. De maneira geral, quase todas as ações do Ibovespa passaram a subir ou intensificaram altas após o anúncio do tarifaço americano. “Acho que é essa sensação de que os Estados Unidos começaram a recuar nas tarifas contra alguns itens do Brasil”, disse o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, citando a lista de produtos que ficaram como exceções e não sofrerão com as novas taxas.

No início de agosto, secretários do Ministério da Agricultura e representantes do setor privado vão ao Japão e à Coreia do Sul para tentar avançar nas negociações para aberturas de mercado. Juntos à Turquia, esses são os três principais destinos fechados atualmente para a proteína nacional.