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PECUÁRIA

Especialista explica que ter vaca velha é dar "sopa" para o azar

Enrico Ortolani aponta em artigo os riscos de se ter um animal velho na fazenda, vide os casos atípicos de vaca louca notificados pelo Mapa em setembro

15 outubro 2021 - 07h33Por DBO Rural

O professor titular de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP, Enrico Ortolani, explica que os dois recentes casos “atípicos” de vaca louca, chamada cientificamente de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), fazem parte dos cinco, até agora, notificados pelo Mapa (Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento), que só ocorreram em vacas velhas (11 a 17 anos) e de corte.

De acordo com ele, a EEB atípica existe mutação espontânea de uma proteína do organismo, chamada de príon, que modifica sua estrutura química e leva as células nervosas a multiplicá-la sem parar, matando o animal. A doença tradicional, que dizimou milhares de bovinos na terra do Big Ben, atingiu boiadas acima de três anos e se originou a partir da ingestão desses príons alterados, presentes em farinha de carne e de ossos.

Enrico Ortolani ressalta que o pecuarista pode se espantar, mas, para aquelas bandas, permitia-se fazer essa farinha com bovinos recém-mortos ou semimortos, coletados por um tipo de agente funerário bovino. "Tudo começou com um animal que tinha EEB atípica e virou ração. Com o aumento do número de casos, cujos bois também viraram farinha, a doença tomou proporção alarmante", explicou.

Dez anos mais tarde, continua o especiliasta, o problema atingiu uma centena de seres humanos que consumiram cérebro, medula e baço contaminados, presentes em alguns subprodutos cárneos. "Toda ação desencadeia uma reação. Um único caso atípico, no Brasil, em 2019, levou muitos importadores e frigoríficos a pararem temporariamente as compras, o que gerou queda de 4% na arroba", declarou.

Ele pontua que a inadvertência de alguns pecuaristas e, quiçá, de alguns frigoríficos de comercializar vacas muito velhas, trouxe um prejuízo para toda a cadeia pecuária. "O problema é que a lição não foi aprendida, pois outra com EEB atípica foi detectada no mesmo frigorífico de Nova Canaã do Norte (MT) em 2021. Uma lástima", lamentou.