Menu
Busca terça, 18 de novembro de 2025
Busca
(67) 3345-4200
Campo Grande
Previsão do tempo
26º
COP30

Embrapa apresenta pecuária tropical como parte da solução para as mudanças climáticas

A apresentação da publicação no evento foi realizada pela pesquisadora Mariana Pereira, da Embrapa Gado de Corte

18 novembro 2025 - 11h23Por Embrapa

A posição da Embrapa sobre o papel estratégico da pecuária tropical na transição para sistemas agroalimentares sustentáveis e de baixo carbono foi apresentada nesta segunda-feira (17) em evento na AgriZone, em Belém. O painel reuniu quatro especialistas que trabalharam na elaboração do documento. O position paper “Pecuária brasileira como parte da solução para as mudanças climáticas” foi elaborado por pesquisadores da Embrapa que atuam em diversas regiões do país e são especialistas em pecuária bovina e mudanças climáticas. O documento está disponível no portal Embrapa, em português e inglês, e foi entregue aos negociadores que integram a delegação do país na COP30.  

A apresentação da publicação no evento foi realizada pela pesquisadora Mariana Pereira, da Embrapa Gado de Corte. Ela destacou que, no documento, os autores mostram que existe um grande potencial para a pecuária brasileira elevar a eficiência produtiva sem o aumento de rebanho. “Com o abate precoce, cada animal emite menos gases de efeito estufa”, exemplificou. 

De acordo com a especialista, a produtividade média da pecuária de corte no país, na casa das cinco arrobas por hectare/ano, pode se elevar em quatro vezes com a incorporação de soluções tecnológicas já existentes, como bioinsumos, consórcio de forrageiras, genética melhorada e suplementação. 

Na sequência do painel, especialistas abordaram resultados de pesquisas em diferentes biomas do país. O pesquisador Daniel Lambertucci, da Embrapa Acre, apresentou as tecnologias baseadas na diversificação de forrageiras, com uso de duas ou mais gramíneas e presença de leguminosas, chamadas de pastos biodiversos. 

De acordo com o especialista, essa diversificação promove maior resiliência, longevidade e estabilidade das pastagens. Um exemplo dessa prática é o Sistema Guaxupé, desenvolvido pela Embrapa em parceria com pecuaristas, no Acre, e que hoje ocupa 100 mil hectares de pastagens biodiversas. “Foi um sistema experimentado e validado em fazendas daquela região, em condições reais de produção, durante mais de duas décadas”, afirmou. 

Os sistemas pecuários integrados foram apresentados pelo pesquisador Roberto Giolo, da Embrapa Gado de Corte. Ele ressaltou que o país teve um grande avanço na adoção de tecnologias de integração de lavoura e pecuária. Até o ano de 2020/2021, o Brasil alcançou 17,43 milhões de hectares, superando em muito os compromissos e metas estabelecidos pelo Plano ABC.  

Giolo também mostrou como a eficiência produtiva está relacionada a um sistema de produção que emite menos gases de efeito estufa. Isso porque uma pastagem bem manejada é capaz de acumular mais carbono no solo do que a vegetação nativa. “Aqueles que emitem muito perdem dinheiro. É um índice de eficiência”, disse.  

Já a intensificação produtiva nos sistemas de pastagens naturais foi apresentada pelo pesquisador Fernando Cardoso, da Embrapa Pecuária Sul. O especialista argumentou que também nas pastagens naturais a adoção de tecnologias aumenta a produtividade e o sequestro de carbono no solo, como uso de leguminosas. 

No debate, o público reconheceu a importância das informações apresentadas para superar os estigmas sobre as emissões de gases de efeito estufa da pecuária brasileira. E os painelistas ressaltaram a relevância do investimento em pesquisas e produção de dados sólidos sobre emissões para fortalecer a posição do Brasil em fóruns internacionais. Também foi destacada a necessidade de ampliar o acesso e a divulgação das tecnologias sustentáveis da pecuária para diferentes perfis de produtores.