Nesta sexta-feira (11/12), a Administração Geral das Alfândegas da China comunicou a suspensão das importações de carne bovina de dois frigoríficos brasileiros. O prazo inicial do embargo é de duas semanas e o motivo foi o mesmo de outras suspensões já realizadas: traços do novo coronavírus presentes em cargas de carne in natura desossada congelada. As autoridades portuárias do país asiático vêm realizando testes de ácio nucleico em cargas desde junho, mesmo depois que especialistas e estudiosos do novo coronavírus afirmarem que os alimentos representam baixíssimo risco de contágio e de espalhar o vírus entre a população.
As duas unidades suspensas são a Plena Alimentos, com o frigorífico de Paraíso do Tocantins (TO), e a Naturafrig, com o frigorífico de Barra do Bugres (MT). A Plena Alimentos tem 30 anos de mercado e sede em Contagem (MG). Pertence aos empresários Dênio Altivo de Oliveira e aos irmãos Cláudio Ney e Marcos de Faria Maia. Possui 3 unidades de abate e processamento em Minas Gerais e Tocantins, uma central de distribuição e emprega 2 mil funcionários. Por mês, processa cerca de 13 mil toneladas de carne. No final de 2019, a Plena foi uma das novas habilitadas a exportar carne para a China.
A Naturafrig, com sede em Pirapozinho (SP), e que pertence ao empresário Osmar Capuci, tem unidades de abate também em Nova Andradina e Rochedo (MS), além da unidade de Mato Grosso. A empresa exporta carne bovina para cerca de 30 países. A unidades de Rochedo e a que foi suspensa receberam a autorização para exportar à China em setembro de 2019.
Brasil não está sozinho
Outros mercados também vêm sendo penalizados pelos autoridades sanitárias chinesas. Na Argentina, o frigorífico Alberdi, de Entre Rios, no mercado de carne bovina desde 1983, também foi suspenso por igual motivo: vestígios de patógenos em suas embalagens. A medida foi tomada no mesmo dia da suspensão brasileira.
Na segunda-feira (7/12), a China já havia suspendido as compras de carne bovina da australiana Meramist Pty Ltd, localizada em Queensland. A Austrália é um dos maiores fornecedores de carne bovina ao país asiático e este foi o sexto frigorífico suspenso. As primeiras suspensões foram em maio, com quatro dos maiores processadores de carne do país impedidos. Em agosto veio a quinta suspensão.
Unidade de abate da Meramist, em Queensland, na Austrália. Foto: divulgação
O portal DBO, em setembro, mostrou em reportagem que “No acumulado do ano, a China consumiu cerca de 146.000 toneladas de carne bovina australiana – quase 85% das quais foram congeladas. Esse número está 16% abaixo do mesmo período do ano passado. A China agora caiu de maior mercado de carne bovina da Austrália em volume, para o quarto lugar em agosto, atrás do Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul.”
A China não divulgou o motivo da suspensão do frigorífico Meramist Pty, mas, segundo reportagem da Reuters, “os laços da Austrália com o principal parceiro comercial da China, já tensos, deterioraram-se significativamente depois que Canberra pediu uma investigação sobre as origens do coronavírus”.
Abaixo, o comunicado da Administração Geral das Alfândegas da China sobre as unidades brasileiras:
“Devido à detecção positiva de novo ácido nucléico de coronavírus em lote de produtos bovinos desossados congelados importados de duas empresas produtoras de carne bovina do Brasil, de acordo com o regulamento do Edital da Administração Geral de Alfândega nº 103 de 2020, a alfândega nacional será suspensa a partir de hoje. Aceitar as declarações de importação dos produtores brasileiros de carne bovina NATURAFRIG ALIMENTOS LTDA (número de registro SIF1811) e PLENA ALIMENTOS S / A (número de registro SIF3215) por 1 semana, e retomar automaticamente após a data de vencimento.”