Nesta terça-feira, 5 de abril, os frigoríficos e os pecuaristas brasileiros repetiram a mesma toada dos últimos dias, ou seja, continuaram praticamente ausentes dos balcões de negócios de boiadas gordas, informam as consultorias que acompanham diariamente o setor pecuário.
Segundo a IHS Markit, as indústrias aproveitaram as boas ofertas de animais terminados das últimas semanas para alongar as suas programações de abate, “que avançam para além de 20 de abril”. Diante da conjuntura atual, os preços do boi gordo seguem estáveis na maioria absoluta das regiões pecuárias do País.
No entanto, em algumas praças importantes, a pressão de baixa dos frigoríficos vem surtindo efeito. É o caso das regiões pecuárias do interior de São Paulo. Segundo a Scot Consultoria, os compradores paulistas reduziram em R$ 3/@ o valor do boi gordo nesta terça-feira, agora negociado por R$ 324/@, preço bruto e a prazo.
Essa queda na arroba reflete o cenário de maior conforto nas escalas de abate dos frigoríficos de São Paulo, resultado de uma maior oferta de boiadas gordas neste início do período seco. A queda do dólar frente ao real também contribui para a pressão de baixa na arroba.
Teoricamente, a desvalorização da moeda norte-americana, hoje em torno de R$ 4,6 no mercado à vista, reduz a competitividade da carne brasileira no mercado internacional, prejudicando as margens dos frigoríficos que atuam fortemente no setor de exportação.
Com isso, os preços dos animais com padrão China (abatidos mais jovens, com até quatro dentes) também vêm perdendo força nos últimos dias – atualmente, os negócios no mercado paulista giram em torno de R$ 335/@, segundo a Scot.
A China é disparada a maior compradora mundial da carne bovina produzida no Brasil, absorvendo mais da metade do volume embarcado. Segundo a Scot, nesta terça-feira, as cotações da vaca gorda também recuaram R$ 3/@ no mercado de São Paulo, chegando a R$ 285/@, enquanto o valor da novilha gorda teve uma baixa diária de R$ 2/@, atingindo R$ 322/@ (preços brutos e a prazo), de acordo com os dados da Scot.
De acordo com os analistas da IHS Markit, as quedas recentes nos preços dos animais terminados favorece, sobretudo, os frigoríficos de menor porte. Essas indústrias menores, diz a consultoria, ainda dependem de uma compra mais efetiva de boiadas para preencher as suas programações de abate.
Segundo apurou a IHS, muitos dos frigoríficos de menor porte oferecem pagamentos à vista aos pecuaristas, uma maneira de absorver mais rapidamente as ofertas de animais que surgem no mercado. A IHS Markit registrou, nesta terça-feira, novos recuos nos preços da arroba bovina nas praças situadas em Minas Gerais e no Mato Grosso do Sul.
Esses ajustes negativos, ressalta a consultoria, seguem fundamentados pelo descompasso entre a oferta e a demanda, bem como o início do período de seca. Em Minas Gerais, a ausência de chuvas e o registro de temperaturas altas já começam a esboçar riscos de manutenção dos animais nos pastos.
Por isso, informa a IHS, muitos produtores optaram por negociar os seus lotes de animais terminados, evitando, assim, riscos de perdas de peso dos animais. Nesta terça-feira, a IHS Markit apurou queda nos preços do boi gordo no Triângulo Mineiro (MG), de R$ 315/@ para R$ 310/@, e na região de Belo Horizonte (MG), de R$ 300/@ para R$ 290/@.
A consultoria também observou quedas nas cotações da vaca gorda na praça de Campo Grande, MS (de R$ 285/@ para 280/@), e também em Belo Horizonte (de R$ 280/@ para R$ 270/@). No mercado atacadista, os preços dos cortes de carne bovina seguem estáveis, relata a IHS.
“Há pretensões de negócios com valores acima das bases atuais, porém ainda não efetivados”, informa a consultoria. Com o pagamento dos salários deste início de mês, é esperada uma recuperação na demanda de carne bovina, produto com valores mais altos em relação às proteínas concorrentes.
Segundo a IHS, os preços da carne de frango continuam subindo no mercado varejista, o que teoricamente abre um maior espaço para um avanço de consumo de carne bovina.