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Acrissul tem história que se confunde com a da Capital e é referência cultural e política

Presidente Guilherme Bumlai reforça papel de destaque da Expogrande para desenvolvimento econômico, político e social da cidade

28 agosto 2023 - 08h13Por Correio do Estado

Criada no dia 15 de janeiro de 1931, há quase um século, a Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul) tem uma história que confunde-se com a de Campo Grande, que neste ano completa 124 anos de existência, sendo, ao longo de mais de nove décadas, uma referência política e cultural do município e de Mato Grosso do Sul.

Fruto da articulação do revolucionário de 1930, tenente César Bacchi de Araújo, a entidade nasceu com o nome de Centro dos Criadores do Sul de Mato Grosso.

O tenente César Bacchi de Araújo, que foi prefeito-interventor de Campo Grande no curto período de 2 de dezembro de 1930 a 19 de janeiro de 1931, teve a iniciativa de fundar um centro de criadores, transformado depois em uma associação.

A solenidade de fundação foi realizada na sede da Associação Comercial de Campo Grande, que na época ficava na Rua 14 de Julho, antiga Rua João Pessoa, e teve como primeiro presidente Dolor Ferreira de Andrade.

Segundo o atual presidente da Acrissul, Guilherme de Barros Costa Marques Bumlai, ao longo de todos esses anos de história, a entidade foi palco de muitas questões importantes de Campo Grande, tanto na esfera política quanto na econômica.

Ele revela que, em 1963, a entidade tinha como sócio João Belchior Marques Goulart, que mais tarde se tornou presidente da República.

“Nas reuniões promovidas pelo Centro dos Criadores, podemos afirmar, sem medo de errar, que foram traçados os principais pontos do desenvolvimento de Campo Grande. Se pegarmos os registros que constam nos livros da história da Acrissul, é possível constatar o debate de pautas importantes para a cidade e para a região sul do Mato Grosso uno”, declara.

Ele não deixa de destacar a realização da Feira de Exposição Agropecuária de Campo Grande, a Expogrande, que neste ano teve sua 83ª edição.

“A Expogrande teve e tem um papel muito importante na formação cultural do campo-grandense, pois, durante oito décadas, mostrou à população todo o trabalho que é feito pelo homem do campo, levando cultura, lazer, conhecimento e entretenimento”, argumenta, frisando a importância da feira agropecuária para a população da Capital.

“É importante o alinhamento de todas as esferas do município e do Estado, incluindo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul [MPMS], para que a gente possa, dentro da legalidade, realizar essa grande festa, que traz benefícios econômicos para a cidade. A Expogrande reúne criadores e expositores de vários estados, gerando um incremento no comércio e na rede hoteleira”, detalha o líder ruralista, ressaltando que a feira é a segunda mais longeva do Brasil, perdendo apenas para a ExpoZebu, em Uberaba (MG).

Guilherme Bumlai pontua que, em 124 anos, a população de Campo Grande sempre acreditou no agronegócio, que é a matriz econômica do município e também de Mato Grosso do Sul. 

“Que possamos continuar acreditando e que, com o aprendizado adquirido em todos esses anos, possamos conhecer cada vez mais sobre a principal força motriz da nossa economia, que é a agropecuária aliada à agroindústria. Que possamos nos aperfeiçoar neste caminho rumo ao desenvolvimento”, pontua.

Mais história

Os anos 1930 foram basilares para a Acrissul e também para Campo Grande. Em 26 de agosto de 1933 foi realizada a 1ª Feira Agropecuária de Amostras do Mato Grosso, no pátio do histórico Colégio Osvaldo Cruz.

Na oportunidade, os agropecuaristas, os comerciantes e os industriais colocaram em exposição vários produtos, como bebidas de Corumbá, artefatos de couro, redes e artesanatos de Cuiabá (MT), além dos produtos de Campo Grande e de Três Lagoas.

Naquela época, os juízes de animais faziam os julgamentos em lotes colocados em currais rústicos, e o primeiro grande vencedor foi o conjunto de Dinamérico Inácio de Souza, da Fazenda Barreiro, que, desde então, participou de todas as exposições, contribuindo para o desenvolvimento da pecuária campo-grandense. 

O evento também teve a participação do Exército, que tomou gosto pela coisa e ajudou na realização da 2ª Feira Agropecuária de Amostras do Mato Grosso, em junho de 1940, no terreno do quartel, localizado na Rua Joaquim Murtinho, onde atualmente fica a Polícia do Exército. 

No local, foram erguidos mangueiros e, no prédio do cassino, foi montado um espaço para dançar e para o jantar, com palco para shows e salões de jogos. 

Ainda nessa época, o julgamento dos animais passou a ser individual, embora os bovinos fossem expostos em grupos nos currais. O campeão Gir foi o touro Pacha, de Laucídio Coelho, e o campeão Indubrasil foi o reprodutor Barulho, de Sebastião Taveira.

Em julho de 1941, após a 3ª Feira Agropecuária de Amostras do Mato Grosso, o então presidente Etalívio Pereira Martins transferiu o Sindicato dos Criadores do Sul do Mato Grosso para a sede própria, na Rua 13 de Maio, onde realizaram reuniões de trabalho e reuniões sociais.

No local, em agosto de 1941, o sindicato entregou uma homenagem ao presidente da República, Getúlio Vargas, e, dois anos depois, em julho de 1943, foi feita a compra de 25 hectares para a construção do futuro parque de exposições.

No ano de 1945, a sétima feira agropecuária da Acrissul já foi realizada no atual parque de exposições, que na época tinha o nome em homenagem ao presidente Ayres Moura Júnior.

Dois anos depois, em 1947, os membros da Acrissul, encabeçados por Etalívio Pereira Martins e Laucídio Coelho, promoveram a primeira grande indústria da cidade: a Frigorífico Mato-Grossense S/A (Frima), que iniciou os abates de bovinos em Campo Grande, possibilitando a engorda de bois no Estado, pois, até então, o gado ia para São Paulo (SP).

O Frima foi uma resposta dos produtores a uma grande crise do setor em 1944, quando houve a necessidade de melhorar o rendimento da pecuária. Para se ter uma ideia, com o Frima, a engorda de 20 mil reses, em 1951, passou para mais de 50 mil reses.

Somente em 10 de agosto de 1974 foi aprovada a sigla Acrissul e, em 1976, foi instalado o Tatersal Dolor Ferreira de Andrade, sob a presidência de Cândido de Castro Rondon.

Em julho de 1979, já com a criação de Mato Grosso do Sul, a sigla Acrissul passou a ter o significado atual, e a exposição agropecuária, que antes era Feira de Amostras do Mato Grosso, passou a ser chamada de Expogrande. 

Na década de 1980, mais precisamente em 1988, foi inaugurado o Tatersal de Elite, dotando o parque de exposições de um recinto maior para os leilões, uma iniciativa do presidente Sebastião de Oliveira Lima.

Também foi nessa época que um grupo de sócias começou a participar mais efetivamente da organização das exposições, surgindo a Recoluta, que se tornou um ponto de encontro da família dos sócios e dos visitantes.

Em consequência da importância da Expogrande, o melhoramento genético do gado em Mato Grosso do Sul passou a ser prioridade, e a comercialização de reprodutores aumentou a formação de plantéis. 

Além disso, as reuniões-jantares ganharam impulso sob a presidência do pecuarista Hélio Coelho, que primava pela importância do conhecimento técnico para os criadores de gado. A Embrapa Gado de Corte foi a grande difusora de tecnologia, tanto na produção de novas variedades de pastagens quanto na seleção do rebanho.