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Lei florestal ajuda país no clima, diz Minc

30 OUT 2009 • POR Folha de São Paulo • 00h00
Ministro do Meio Ambiente afirma que abrandamento de legislação enfraquece Brasil em Copenhague

ROBERTO DIAS
EM BARCELONA

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse ontem que o abrandamento da legislação florestal poderia enfraquecer a posição brasileira nas negociações da conferência do clima de Copenhague.

"Alguém vai chegar e dizer: "Vem cá: o Brasil está cantando de galo que vai cortar o desmatamento e aprova uma lei que permite desmatar mais"", afirmou o ministro, que diz não enxergar possibilidade de alguma medida desse tipo ser sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Existe uma disputa no governo por causa da entrada em vigor do decreto presidencial sobre regularização ambiental, em dezembro. O Ministério da Agricultura quer aumentar o número de propriedades que não serão obrigadas a recompor suas reservas legais.

Minc está em Barcelona para uma reunião de emergência que tenta salvar as negociações para Copenhague. O encontro na Espanha, que começou ontem e acabará amanhã, foi convocado pela ministra dinamarquesa Connie Hedegaard, anfitriã do evento de dezembro.

Barcelona foi escolhida porque será palco, na semana que vem, do último encontro preparatório para Copenhague. Minc não participará. De volta ao Brasil, ele terá uma reunião com Lula na terça-feira para tentar fechar a proposta que o governo levará a Copenhague.

Essa proposta é um dos trunfos com que conta o ministro na discussão em Barcelona. "O que está em cima da mesa são reduções de 30% a 40% da tendência de crescimento para 2020", afirmou ele. Na simulação, considera-se um crescimento anual do PIB de 4% até lá. O ministério já conseguiu formatar uma proposta de redução da emissão de gases em 35% para apresentar ao Planalto, mas tentará aumentar esse número até terça.

Em Barcelona, o governo alardeia também o fato de ter alcançado a menor taxa de desmatamento em 20 anos e a aprovação, na Câmara, de um fundo para mudança climática e, em São Paulo, de uma lei com metas de corte de emissões.

Minc defendeu ontem que a delegação brasileira em Copenhague seja chefiada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Independentemente de ela ser candidata ou não, é a ministra mais importante do governo. Todo mundo sabe disso", afirmou. "Se não fosse a Dilma, alguém poderia dizer: "Ela é produtivista e não dá bola para o clima". No que vai a Dilma, ficam dizendo: "O governo está botando alguém mais produtivista para cuidar do clima". Sempre alguém vai criticar."