Colheita do milho safrinha supera expectativas de agricultores em MS
As máquinas trabalhando para a colheita no campo são como um símbolo de resistência para os produtores de São Gabriel do Oeste, município distante 133 quilômetros de Campo Grande. Na fazenda Cachoeira, localizada na região sul do município, 40 mil sacas de soja foram perdidas no início deste ano, quando toda a produção ficou em baixo d'água por conta do excesso de chuvas.
O produtor rural Valdir Martinelli conta que os prejuízos foram grandes, mas ficaram para trás. Ele e o sócio plantaram 2,2 mil hectares da fazenda com o milho safrinha. O plantio começou dia 5 de março com 20 dias de atraso. No entanto, o produtor afirma que foi um tempo de sorte, porque já choveu duas vezes durante o desenvolvimento dos grãos e a colheita está superando as expectativas. Em média 85 a 90 sacas por hectare. Espigas cheias, grãos com pouca umidade, resultado de investimento na lavoura.
“Na safrinha é preciso sempre investir mais. No investimento que você faz ela responde”, afirmou o produtor.
Já os produtores que têm plantações ao norte de São Gabriel do Oeste, afirmam que a chuva nem apareceu, e fez frio. Com isso, a produtividade caiu mais do que o esperado. Algumas lavouras estão colhendo em média 40 a 50 sacas por hectare.
A fila de caminhões em frente a cooperativa do município, que normalmente compra 50% da produção, é grande, mas está bem menor se comparada à safra passada.
“O milho está hoje em torno de R$ 22 e R$ 23, mas o produtor não está participando tanto porque a maioria já tinha contratos com vendas negociadas a R$ 17 e R$ 18. Muita gente não vai conseguir nem cumprir os contratos esse ano por causa da baixa produtividade. Então vai ser pouco milho que vai sobrar pra vender a um preço alto” afirma o diretor de produção da cooperativa, Omar Pessato.
Na colheita do milho em São Gabriel do Oeste, os produtores rurais ainda sentem o reflexo da forte chuva de fevereiro que prejudicou safra da soja e fez o milho ser plantado mais tarde, em algumas fazendas até 20 dias. Com isso, a quebra da safrinha pode chegar há 30%, segundo o Sindicato Rural da cidade.
O presidente da instituição de classe, Júlio Bortolini, acredita que para alguns, a safrinha vai ficar dentro do planejado, mas muitos agricultores terão prejuízos.
“Mesmo com essa quebra de 30%, acho que vamos ter mercadoria suficiente para atender a demanda da cidade e também acredito que a maioria deve cumprir seus contratos”, comentou o presidente.
O agricultor Paulo José Iuhnieski tem 280 hectares na fazenda Viveu Dois. Em fevereiro deste ano, ele contabilizou uma perda de seis mil sacas de soja com o excesso de chuvas. Dinheiro, que segundo, ele não vai recuperar. Mesmo assim ele afirma que acreditou e fez uma boa lavoura de milho com a média de 90 sacas por hectare.
“Nós começamos o plantio da safrinha fora da época normal, mas já tínhamos comprado todos os insumos e por isso arriscamos. Graças a Deus levamos sorte”, comentou Luhnieski.