Mapa assina acordo com agência do Japão para recuperar pastagens
Quase 7,7 milhões de hectares no Cerrado estão em estágio de degradação moderada
O Ministério da Agricultura, a Embrapa e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) assinaram ontem durante a COP30 um acordo de cooperação para recuperar pastagens degradadas no Cerrado. As ações da parceria, que incluirão o uso de imagens de satélite da agência espacial japonesa Jaxa, integrarão o programa Caminho Verde, do governo federal, voltado à conversão de áreas degradadas em terras produtivas em todo o país.
Cerca de um quarto dos 200 milhões de hectares de Cerrado brasileiro, ou 51 milhões de hectares, correspondem a pastagens, dos quais 13,6 milhões estão em algum estágio de degradação, mas ainda têm potencial para produção agropecuária, segundo informações apresentadas no evento de assinatura. Quase 60% deles, ou 7,7 milhões de hectares, estão em estágio de degradação moderada, enquanto outros 5,9 milhões de hectares estão mais severamente degradados.
A parceria com a Jica envolverá análises de dados de satélite, de solo e clima de áreas degradadas do Cerrado, tendo em vista as especificidades de diferentes áreas do bioma, que servirão de base para ações de planejamento e recuperação. “O Cerrado não é uma região homogênea”, afirmou Edson Eyji Sano, pesquisador da Embrapa Cerrados.
O projeto também prevê, entre outras medidas, análises de alterações climáticas com potencial para influenciar a recuperação e a conversão das pastagens. “Temos de frear a ocupação sobre o Cerrado e a floresta, possuímos área suficiente com potencial para atender à necessidade de crescimento para o consumo de alimentos e energias renováveis no mundo, em cima das áreas com algum grau de degradação”, disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a jornalistas após a assinatura do acordo.
Há expectativa de que a JICA aporte mais US$ 1 bilhão à iniciativa ao longo de dois anos, segundo fontes a par das negociações. Durante a assinatura da parceria com a JICA, representantes das entidades não citaram valores, mas Fávaro disse que as tratativas com a agência japonesa “estão avançadas” para que a entidade aporte recursos para pesquisa e investimentos. “Tenho certeza de que a JICA vai participar, e as tratativas estão avançadas para que venha fazer parte de um novo [leilão do] EcoInvest”, afirmou o ministro, referindo-se ao programa federal que vem levantando recursos de instituições financeiras por meio de leilões, destinados à projetos de transição ecológica.
O Caminho Verde tem como meta recuperar até 40 milhões de hectares de pastagens em dez anos, convertendo-os em áreas produtivas ou de preservação. Na segunda-feira, o ministério sinalizou que o acesso aos R$ 30 bilhões garantidos via segundo leilão do EcoInvest poderá começar no ano que vem.