Agricultor perde até R$ 700 por hectare ao deixar calagem de lado, afirma pesquisador
Brasil consome perto de 58 milhões de toneladas de calcário agrícola por ano, quando o ideal seria 90 milhões
O déficit de 30% no uso de calcário no Brasil está afetando os resultados do agricultor. Em culturas como soja e milho, o produtor perde anualmente cerca de R$ 700,00 por hectare ao deixar de fazer a calagem. O cenário ainda se mostra mais complicado diante da sequência de anos com poucas chuvas em grande parte do país.
As avaliações foram feitas pelo pesquisador Marcelo Batista, professor da Universidade Estadual de Maringá, durante o Encontro Nacional dos Produtores de Calcário Agrícola (Enacal). O evento ocorreu entre os dias 22 e 24 de outubro, em Restinga Seca (RS). A organização foi da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário (Abracal) e do Sindicato da Indústria de Calcário do Rio Grande do Sul (Sindicalc).
Batista disse que a calagem, prática da correção de acidez do solo, é importante “de norte a sul do Brasil”. Terras de países tropicais sofrem com a acidez. “O agricultor ganha dinheiro quando investe em calcário”, afirmou o pesquisador.
A correção da acidez eleva a produtividade na mesma área plantada. Juntando os preços atuais dos grãos à maior produtividade, o ganho anual por hectare chega a R$ 700,00, segundo Batista.
Dados da Abracal mostram que o Brasil consome perto de 58 milhões de toneladas de calcário agrícola por ano, quando o ideal seria 90 milhões. “O subconsumo no Rio Grande do Sul também é grande. A aplicação atinge 3,5 milhões, mas poderia ser até 3 vezes maior”, estimou Carlos Cavalheiro, presidente do Sindicalc.
Estados preparam incentivos
“O problema maior está no pequeno agricultor, que é menos tecnificado”, disse João Bellato Júnior, presidente da Abracal e do sindicato da indústria de São Paulo, o Sindical. Estudo da Secretaria de Agricultura paulista mostra que 46% das propriedades no estado deixam de fazer calagem.
Por solicitação da Abracal e de sindicatos regionais, os governos estaduais preparam ações de estímulo à correção de acidez do solo. O programa gaúcho vai se chamar “Terra Forte”, enquanto em São Paulo há articulações para que o “Solo + Fértil” seja implementado.
A agricultura nesses dois estados sofre com a falta de chuvas. “Anos secos são os mais difíceis de produzir”, avaliou Marcelo Batista, que reforça ainda a importância do apoio técnico aos agricultores desde a análise de solo. “O resultado dessa análise mostrará qual tipo de calcário usar, além da dosagem”, completou o professor.