La Niña pode levar estiagem ao Centro-Sul do Brasil em outubro
Probabilidade do fenômeno climático favorece ação de patógenos de solo e aumenta risco de prejuízos produtivos devido à escassez de água nas plantas
Em sua mais recente previsão climática, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) estima 71% de probabilidade do desenvolvimento do fenômeno La Niña já em outubro, podendo perdurar até fevereiro de 2026. O fenômeno oceânico resfria as águas superficiais de parte do Pacífico e altera os padrões de temperatura e chuva em todo o planeta. No Brasil, ele é responsável por trazer estiagem ao Centro-Sul.
O fim do vazio sanitário da soja em boa parte das regiões produtoras significa que o plantio da principal commodity agrícola do Brasil está em vias de começar. E isso coincide com a probabilidade da chegada do La Niña, aumentando o risco de estresse hídrico e menor produtividade, já que estados importantes para a cultura, como PR, RS, SP, GO e MS podem enfrentar períodos prolongados de escassez de chuvas. Esse desafio climático afeta não apenas a soja, mas também a safra do milho verão.
“Caso se confirme, o La Niña vai atuar num período muito importante para o ciclo de produção da safra, pois estamos no início do plantio, momento crucial que impactará mais adiante no enchimento de grãos. Por isso, é importante que os agricultores foquem o manejo no fortalecimento das raízes, para enfrentar desafios térmicos, hídricos e até mesmo fungos” explica o agrônomo Giovanni Ferreira, desenvolvedor de mercado da Biotrop.
Giovanni ressalta que a atenção também deve ser voltada aos nematoides e outros patógenos que potencializam os efeitos da seca. Os nematoides, uma vez instalados no solo, se alimentam e penetram nas raízes da planta, impedindo a captação da pouca água disponível. “A proteção da planta pode e deve ser feita ainda na semente para que, quando a raiz começar a crescer, ela esteja protegida contra a ação dos nematoides. Dessa maneira, o produtor evita mais um problema além da falta de água”, ressalta Giovanni.
Considerando os fungos de solo, a podridão-radicular-seca (Fusarium solani f.sp. phaseoli) e a podridão-de-carvão (Macrophomina phaseolina) podem se tornar mais problemáticas em condições de seca, provocando diversos danos às plantas.
Outro desafio que ganha importância nesse cenário é a fitotoxicidade, resultante de misturas inadequadas, dosagens incorretas ou condições desfavoráveis de aplicação. Esse problema causa queima nas folhas, comprometendo a fotossíntese e, em casos extremos, pode levar a planta à morte. Em climas secos, os efeitos da fitotoxicidade tornam-se ainda mais severos. “