Argentina mantém isenção de impostos para exportação de carne bovina e de frango até 31 de outubro
Medida beneficia setor em meio à alta da demanda global, mas exigência de depósito rápido de divisas pode limitar impacto
Segundo anúncio feito na quinta-feira (25), o governo nacional garantiu que as exportações de aves e bovinos continuarão isentas da retenção de impostos na fonte até 31 de outubro. O comunicado foi divulgado por Adorni em sua forma habitual: uma publicação na rede social X.
“O regime de imposto de retenção zero na fonte para exportação de aves e carne bovina continua sem cota até o próximo dia 31 de outubro. Fim”, declarou. Vale destacar que o decreto inicial, nº 682/2025, previa retenção zero apenas para grãos e derivados. No entanto, no dia seguinte, o decreto nº 685/2025 estendeu o benefício também às carnes.
Nas últimas horas, porém, o governo revogou o primeiro decreto, após atingir a meta de US$ 7 bilhões em declarações juramentadas. De acordo com as informações do site Infocampo, o setor frigorífico já havia alertado o governo de que, pelas particularidades desse mercado, seria difícil aproveitar os mesmos benefícios concedidos aos grandes exportadores de grãos.
Ainda assim, a pressão do segmento surtiu efeito: as exportações de carne bovina foram isentas das restrições por um mês, permitindo que o setor se beneficie de um cenário internacional de maior demanda e preços mais atrativos. Esse movimento já se reflete nos números.
Segundo o Consórcio ABC, que reúne os frigoríficos exportadores, a receita em moeda estrangeira cresceu 47,4% em agosto, frente ao mesmo período de 2024. No acumulado de janeiro a agosto de 2025, as exportações de carne bovina refrigerada e congelada somaram quase 448,6 mil toneladas, movimentando aproximadamente US$ 2,345 bilhões.
“Em relação aos oito primeiros meses de 2024, os volumes exportados caíram 10,4%, mas o valor obtido aumentou 22,3%”, destacou Mario Ravettino, presidente do Consórcio ABC. Já o portal argentino Valor Di Carne reportou que há, no entanto, uma cláusula que praticamente inviabiliza o aproveitamento do benefício pelo setor.
A norma exige o depósito de 90% das divisas em até três dias após a emissão da autorização de embarque — um prazo incompatível com os procedimentos usuais da exportação de carne. Na prática, haveria apenas três alternativas para atender a essa exigência: recorrer a linhas de pré-financiamento à exportação, utilizar financiamento próprio ou contar com o adiantamento de valores por parte do importador. Diante dos montantes envolvidos, nenhuma dessas opções é capaz de sustentar uma fatia significativa do comércio externo de carne.
Assim, caso o texto da medida não seja ajustado, o benefício tende a ser apenas teórico, com aplicação mínima, destacou o portal Valor Di Carne.