MERCADO

Enquanto americanos pagam 7,3% mais pela carne, Brasil encontra novos mercados

As tarifas impostas a produtos do agronegócio foram ruins para os exportadores brasileiros, mas os Estados Unidos continuam importando boa parte do volume que compravam, e pagando bem mais caro

27 SET 2025 • POR José Roberto dos Santos • 10h19

Já o Brasil está encontrando novos caminhos para seus produtos, como mostram os números das exportações brasileiras dos 15 primeiros dias úteis de setembro, um mês após a entrada em vigor da tarifa de 50%.

Enquanto o Brasil continua elevando suas exportações para outros mercados, como ocorre com a carne bovina, os americanos sentem o efeito da inflação no bolso.

Dentro dos Estados Unidos, a situação não é tão tranquila. Quando falou da inflação na ONU, Trump destacou a queda do preço da gasolina, mas omitiu que a carne bovina teve aumento de 7,3% em agosto, em relação ao mesmo mês de 2024, segundo números do U.S. Bureau of Labor Statistics. Alguns cortes específicos, como a carne para bife, subiram 3,1% no mês, acumulando 17% em 12 meses.

A imposição de tarifas de Trump recaiu sobre uma lista grande de produtos brasileiros, que têm o mercado americano como um dos mais importantes para o país. Café, carne bovina, fruta, pescado, mel e sebo estão entre eles. Em alguns casos, há uma dependência mútua grande entre os dois mercados, que chega a 90%.

Os números da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) desta semana indicam que as vendas externas totais de carne bovina, mesmo com a imposição de tarifas dos Estados Unidos, até então o segundo principal mercado para a proteína brasileira, caminham para um recorde.

A média diária de vendas dos 15 dias úteis de setembro soma 13,98 mil toneladas de carne fresca, resfriada ou congelada, acima das 12,79 mil de agosto, quando entraram em vigência as tarifas mais pesadas sobre as exportações brasileiras. Nesse ritmo, as exportações de carne “in natura” vão superar as 300 mil toneladas neste mês.

Além da carne bovina, os Estados Unidos se tornaram importantes também para o mercado de sebo do Brasil. Pelo menos 98% do produto nacional exportado tem como destino o mercado americano. Os dados da Secex indicam que o volume comercializado entre os dois mercados teve aumento, mesmo com a entrada em vigência da tarifa de 50%. Em agosto, o Brasil exportou 64 mil toneladas para os Estados Unidos, volume superior ao de julho, que foi de 56 mil.