Fundamentos de baixa, como queda do dólar e consumo doméstico fraco, dominam o mercado do boi gordo
Nesta segunda quinzena de setembro, muitos frigoríficos também são abastecidos por lotes confinados em estruturas próprias e também por animais oriundos de contratos a termo
A baixa procura dos consumidores brasileiros pela carne bovina tem enfraquecido a liquidez do mercado do boi gordo nesta segunda metade de setembro, desacelerando o ritmo dos negócios em toda a cadeia pecuária, relata a equipe de analistas da Agrifatto.
Com isso, nesta quinta-feira (18/9), o preço do boi gordo recuou na praça paulista, e agora vale R$ 310/@ (tanto os lotes “comuns” quanto os animais com padrão-exportação), apurou a Agrifatto.
Pelos dados da Scot, em São Paulo, a cotação do “boi-China” teve queda de R$ 2/@ nesta quinta-feira, para R$ 310/@, mas ainda mantém um ágio de R$ 3/@ sobre o animal “comum”, negociado em R$ 307/@.
Segundo a Agrifatto, das 17 praças monitoradas diariamente, apenas o mercado paulista registrou queda nos preços do boi gordo nesta quinta-feira. Nas outras 16 regiões, as cotações ficaram estáveis.
Na avaliação da Scot, os frigoríficos estão com escalas de abate mais alongadas, o que ajuda a explicar a redução no ritmo de compras de boiadas gordas.
Além disso, continua a Scot, a queda do dólar frente ao real reduziu as margens dos frigoríficos exportadores, o que aumenta a pressão de baixa sobre a cotação da arroba.
Neste momento, muitos frigoríficos também são abastecidos por lotes confinados em estruturas próprias e também por animais oriundos de contratos de boi a termo.
Nas contas da Agrifatto, na média brasileira, as programações de abate giram atualmente em 11 dias úteis, e são sustentadas sobretudo por contratos a termo e oferta de confinamentos próprios.
“Os frigoríficos operam com folga”, ressalta a consultoria, acrescentando que tal cenário reforça o poder de barganha das indústrias, pressionando os pecuaristas a aceitar valores menores pelos lotes negociados no mercado spot (físico).
Atacado/varejo
Desde a semana passada, a liquidez da carne bovina na ponta consumidora segue enfraquecida, sem demonstrações de recuperação, informa a Agrifato.
“Não há indícios de reversão desse quadro, salvo pela expectativa de um discreto aumento da procura nos dias de maior movimento, como sábado e domingo”, observa a consultoria.
No atacado, a movimentação da carne com osso permanece lenta, caracterizada por entregas irregulares.
O varejo, por sua vez, mantém uma postura cautelosa, limitando os pedidos de reposição e contribuindo para o acúmulo de mercadorias nos entrepostos, com descarregamentos sendo adiados, relata a Agrifatto.
“A liquidez limitada mantém o escoamento contido, o que resulta em ajustes negativos de intensidade moderada nos preços da maioria dos produtos bovinos”, acrescenta a consultoria.
Destaca-se a diferença entre origens: mercadorias provenientes de Estados mais distantes da praça paulista, como AC, RO, TO e PA, são negociadas, em média, por R$ 0,50/kg abaixo das cotações registradas para MS, MG, PR e GO, compara a Agrifatto.