Scot Consultoria propõe um olhar para fora da tarifa de Trump
"Há fatores mais favoráveis do que negativos para acompanharmos", diz o analista Felipe Fabbri, referindo-se à expectativa de retomada do viés de alta do boi gordo nos próximos meses
É claro que a maior dificuldade de acesso a um mercado, como o estadunidense, é importante, mas não acreditamos que o cenário para o médio prazo (até fim de 2025) siga com o viés de queda (para o boi gordo)”, diz o zootecnista Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria.
Segundo Fabbri, a medida anunciada pelo governo norte-americano (da ameaça de taxação adicional de 50% à carne brasileira a partir de 1º de agosto) “é negativa ao próprio país da América do Norte e deverá ser reavaliada”.
“Até lá, o mercado brasileiro do boi gordo deverá operar com muita especulação e, muito provavelmente, pressionado para baixo”, acredita o analista.
Enquanto o governo brasileiro tenta reverter o quadro imposto pelo governo dos EUA ao mercado pecuário, a Scot Consultoria propõe olhar o tema por uma outra ótica – para os fundamentos que mostram uma tendência de alta para os preços do boi gordo no médio prazo (até o fim de 2025).
Para isso, Fabri lista algumas razões para tal expectativa, a saber:
“Iniciamos o segundo semestre e destacamos alguns pontos: independentemente da tarifa, o volume, faturamento e preço médio da tonelada da carne bovina brasileira são maiores no segundo semestre do que no primeiro, considerando os dados dos últimos 20, 10 e 5 anos”.
“No mercado interno, a pressão das contas familiares e impostos que atingem a maior parte da população doméstica, tendem a ser menores, e os indicadores macroeconômicos (taxa de desocupação e rendimento médio per capita), em patamares bons, indicam uma crescente de demanda, que se soma à geração de empregos temporários, décimo terceiro salário e outros pontos relevantes para o último trimestre, principalmente”.
“Por fim, a participação de fêmeas, em ano de baixa ou de alta no ciclo, é, historicamente, menor no segundo semestre, com mais machos compondo os abates e preços maiores na segunda parte do ano, em relação à primeira”.
O analista da Scot conclui: “O afastamento do ‘american dream’, por si só, deve pressionar o mercado em curto prazo, principalmente se confirmado a partir de agosto. Mas, para o médio prazo, há fatores mais favoráveis do que negativos para acompanharmos. Esperemos, juntos, os próximos capítulo”.