MERCADO EXTERNO

Para estudar compra de carne, Japão terá comitiva no Brasil

Japoneses avaliarão frigoríficos e sistema de inspeção brasileiro

6 JUN 2025 • POR Globo Rural • 15h10
Cerimônia na OMSA que entregou a certificação do Brasil como área livre de aftosa sem vacinação - Divulgação

A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) reconheceu o Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação. O novo status sanitário, almejado há décadas, pode ajudar a abrir mercados mais exigentes para as carnes bovina e suína brasileiras e a ampliar comércios estratégicos. O certificado foi aprovado na semana passada, em assembleia-geral do órgão.

Os principais ganhos da certificação da OMSA devem ser na ampliação de mercados já abertos e que podem passar a comprar outros produtos. O anúncio da certificação, na semana passada, já despertou o interesse de alguns países importadores. Indonésia e Filipinas já revelaram interesse em importar miúdos bovinos. Já o Canadá quer comprar carne com osso.

Os dois principais países ainda fechados à carne bovina brasileira são o Japão e a Coreia do Sul, que juntos consomem cerca de 10% do volume da proteína do mercado mundial. Com os japoneses, a expectativa é grande no curto prazo. Uma missão técnica vai ao Brasil na segunda quinzena deste mês para visitar frigoríficos e avaliar o sistema de inspeção brasileiros.

A comitiva japonesa vai ao Rio Grande do Sul e à Santa Catarina. Os técnicos do Japão vão visitar estabelecimentos registrados no SIF (Serviço de Inspeção Federal) e postos de controle nas fronteiras na segunda quinzena de junho.

Para o setor produtivo, o novo status pode ajudar a diminuir a concentração de mercados e a situação de dependência de poucos grandes compradores das carnes brasileiras. “Já exportamos carne bovina para 155 países, e podemos potencializar as vendas dentro desses países, além de abrir mercados no Japão e na Coreia do Sul”, disse João Paulo Franco, coordenador de Produção Animal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) projeta aumento anual de ao menos US$ 120 milhões apenas com o possível envio de miúdos suínos e carne suína com osso de oito frigoríficos do Rio Grande do Sul já habilitados para a China. A principal aposta da entidade é na melhoria de acesso a mercados exigentes do que na abertura para novos destinos.

A certificação vai dar uma arrancada e um impulso na ampliação de mercados”, disse Ricardo Santin, presidente da entidade, ao Valor. “O Paraná [maior produtor de carne suína do país] não tem habilitação, mas tem várias plantas com condições de ser habilitadas para a China”, disse. Japão, Coreia do Sul, México e China só compram carne suína das empresas de Santa Catarina, Estado que obteve o reconhecimento da OMSA em 2007. Para esses quatro destinos, os embarques em 2024 somaram 399 mil toneladas.

O faturamento dos estabelecimentos catarinenses, de quase US$ 1 bilhão, representou perto de um terço da receita de todas as exportações de carne suína no período (US$ 2,9 bilhões). Cerca de 250 empresários e autoridades brasileiras vão participar de um churrasco para degustação de carnes brasileiras após a cerimônia com o presidente Lula.