Boi gordo volta subir a escada, puxado pela demanda interna e externa
Frigoríficos de menor porte, voltados ao consumo interno, enfrentam dificuldade para alongar as escalas de abate, o que intensifica a pressão altista sobre a arroba, relata a Agrifatto
A tendência de baixa nos preços do boi gordo foi interrompida ao longo deste início de junho e os reajustes positivos na arroba, ainda que moderados, começaram a ganhar força em algumas das principais praças brasileiras, informam a Agrifatto e a Scot Consultorias, empresas que acompanham diariamente o setor pecuário nacional e internacional.
“A oferta restrita de boiadas gordas favorece os pecuaristas, especialmente diante da retomada da demanda interna por carne bovina a partir desta primeira quinzena do mês”, relatam os analistas da Agrifatto.
Porém, não se pode descartar a importância das exportações brasileiras de carne bovina in natura para o processo de sustentação dos preços do boi no Brasil – em cada mês de 2025, os embarques renovam os recordes (mensais), girando em quantidades altas.
Segundo a equipe de especialistas da Scot Consultoria, “a disponibilidade de bovinos diminuiu e, para conseguir comprar boiadas, os frigoríficos aumentaram o preço das ofertas de compras”.
Com isso, pela apuração da Scot, o boi gordo “comum” e o “boi-China” voltaram a subir nesta quinta-feira (5/6) em São Paulo, com alta diária de R$ 3/@ – agora cotados a R$ 310/@ e R$ 313/@, no prazo, respectivamente.
Para as fêmeas, diz a Scot, os preços fecharam o dia estáveis nas praças paulistas, em R$ 280/@ (vaca gorda) e R$ 292/@ (novilha terminada).
A Agrifatto também detectou valorização do boi gordo de São Paulo nesta quinta-feira: o animal pronto para abate com destino ao mercado interno subiu para R$ 315/@, atingindo o mesmo valor do bovino com padrão-exportação – ou seja, pelos dados da consultoria, nas tabelas dos frigoríficos paulistas o “boi-China” passou a ser negociado sem ágio.
Na quarta-feira (4/6), segundo apuração da Agrifatto, os preços do boi gordo avançaram em 9 das 17 regiões acompanhadas diariamente pela consultoria (SP, AC, GO, MG, MS, PR, RO, SC e TO), enquanto nas demais praças (AL, BA, ES, MA, MT, PA, RJ e RS) as cotações ficaram estáveis.
Nesta quinta, além da região paulista, a Agrifatto apurou elevação nos preços do boi gordo em Mato Grosso; nas 15 outras praças monitoradas, os valores não mudaram em relação ao dia anterior (4/6).
“Os frigoríficos de menor porte, voltados ao consumo interno, continuam enfrentando dificuldades para alongar as escalas de abate, o que intensifica a pressão altista sobre os preços da arroba”, justifica a Agrifatto.
Em contraste, grandes plantas frigoríficas seguem parcialmente fora das compras, sustentadas por volumes satisfatórios de contratos a termo, acrescenta a consultoria.
“A tendência de baixa que vinha se desenhando foi interrompida e os reajustes positivos, embora ainda moderados, começaram a ganhar força”, ressaltam os analistas da Agrifatto.
A oferta restrita de animais terminados, continua a consultoria, favorece os pecuaristas que têm lotes nas fazendas, especialmente diante da retomada da demanda interna por carne bovina na primeira quinzena de junho (sustentada pelo pagamento dos salários nas contas dos trabalhadores).
Segundo a Agrifatto, nos estados de Pará, Tocantins, Rondônia e Acre, observa-se uma redução significativa na presença de fêmeas nas escalas de abate dos frigoríficos, o que acentuou a valorização dos machos nessas regiões.
De acordo com levantamento da Agrifatto, os negócios registrados nesta semana não foram suficientes para estender as programações de abate dos frigoríficos brasileiros para além de sete dias úteis, na média nacional.
Já o mercado futuro do boi gordo operou em um ambiente majoritariamente negativo na quarta-feira (4/6). O contrato com vencimento em agosto/25, por exemplo, encerrou o pregão da B3 cotado a R$ 330,70/@, com ligeira queda de 0,41% em relação ao dia anterior.