PESQUISA & TECNOLOGIAS

Sistema inédito monitora remotamente a temperatura corporal de bovinos

A temperatura corporal é um indicativo fisiológico de infecções e inflamações, além de períodos de cio e estresse

31 JAN 2025 • POR Embrapa-Gado de Corte • 15h26

A Embrapa Gado de Corte (MS) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul ( UFMS ) desenvolveram um sistema inovador de monitoramento de bovinos, capaz de medir a temperatura corporal de forma remota. A tecnologia, que se baseia em um sensor no canal auditivo, é de boa fixação e não machuca o animal, privilegiando o bem-estar e o manejo, ao mesmo tempo em que contribui para aumentar a rastreabilidade da carne, cada vez mais relevante diante de cenários de segurança alimentar e barreiras sanitárias. A patente foi depositada pelas instituições no Instituto Nacional de Propriedade Industrial ( INPI ), sob o número BR 10 2024 021350 5.

O sistema é fruto do trabalho de mestrado em Engenharia da Computação de Arthur Lemos, no Programa de Pós-Graduação em Computação Aplicada da Faculdade de Computação ( Facom-UFMS ), em parceria com a Embrapa. A temperatura do animal foi escolhida como parâmetro porque é um indicativo fisiológico de infecções e inflamações, além de períodos de cio e estresse. A invenção, que funciona com energia solar, sem necessidade de baterias e livre da influência da temperatura do ambiente, permite detectar e evitar prejuízos à saúde dos bovinos, com rapidez e sustentabilidade.

Segundo Lemos, a opção por essa fonte alternativa de alimentação deve à durabilidade do sistema e à baixa necessidade de manutenção. Já a escolha pelo brinco na orelha garante boa fixação, com menos chances de perdas durante o manejo, além de favorecer o bem-estar animal.

Impacto da ferramenta 

Um dos pioneiros em pecuária de precisão no País, Pedro Paulo Pires , pesquisador da Embrapa, reforça o potencial de impacto dessa ferramenta de monitoramento. Segundo ele, a medição manual da temperatura corporal central (TCC) de um mamífero de casco pode apresentar uma série de problemas; entre eles, o custo elevado e o estresse animal.

Por exemplo, caso o estudo empregasse transponders de identificação por radiofrequência (RFID) dotados de sensores de temperatura, teria a exigência de leitores RFID espalhados pela fazenda, o que oneraria os custos de monitoramento. Outra possibilidade, que são as câmeras termográficas, também não é eficiente pela influência do ambiente na medição. “Encontrar um instrumento ideal é um desafio, mas a inovação tem gerado resultados bastante promissores”, complementa.

Parceria
Lemos e Pires trabalham em cooperação com o professor da Facom-UFMS Fábio Iaione, orientador de Lemos, e com o analista em tecnologia da informação (TI) da Embrapa  Quintino Izidio , que é coorientador do mestrando, em estudos voltados à peculiaridade de precisão.

A parceria Facom-UFMS e Embrapa, nessa pós-graduação, já terminou em quase 50 dissertações concluídas, ao longo de 15 anos, e prova como a comunhão de habilidades em pesquisa aplicada derivada em inovações educacionais.

Os pesquisadores enfatizam que os trabalhos desenvolvidos nesse mestrado profissional em computação aplicada são todos focados em soluções tecnológicas para a pecuária brasileira.