Várias razões para a lenta expansão do rebanho dos Estados Unidos
O principal motivo para a falta de crescimento do plantel é a seca, afirma professor da Oklahoma State University
O relatório de inventário de gado semestral (do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos/USDA) mostrou que o número de bovinos do país continua caindo e, até agora, não há nenhuma indicação significativa de reconstrução do rebanho, relata o professor Derrell Peel, da Oklahma State University, em artigo divulgado pelo portal norte-americano Beef Magazine.
“Apesar dos preços acentuadamente mais elevados do gado este ano, não há dados que estimulem a retenção de novilhas ou uma diminuição suficiente no abate de vacas de corte para iniciar a expansão do rebanho, embora os números mais recentes sobre abates semanais sejam encorajadores”, observa Peel.
Segundo ele, o processo atual de expansão do plantel é consideravelmente mais lento do que a recuperação do rebanho registrada depois da seca de 2011-2013, que empurrou os estoques de gado para um mínimo cíclico em 2014.
“A seca contínua ainda é um problema em regiões significativas das regiões pecuárias”, diz ele, acrescentando: “Embora a estiagem não seja unicamente a causa de uma grande liquidação adicional de rebanhos, tal condição certamente impede a expansão dos planteis nas áreas afetadas”, afirma ele.
Recuperação
Segundo o professor, as novas pastagens em locais atingidos pela seca precisam de tempo para recuperar, considerando o período de 2-3 anos de danos causados pela estiagem.
Enquanto isso, relata Peel, os suprimentos de feno estão esgotados e devem ser reabastecidos. “Muitas regiões ainda são vulneráveis à seca progressiva”.
Além disso, afirma ele, muitas operações pecuárias sofreram um estresse financeiro considerável devido à seca e aos altos custos dos insumos.
“A necessidade de curto prazo de obter retornos imediatos dos preços mais elevados do gado pode estar causando a continuação das vendas de novilhas e vacas de descarte”, justifica.
De acordo com ele, os preços dos insumos subiram fortemente e, em muitos casos, para níveis recordes. “Os preços recordes do feno e os custos elevados dos alimentos suplementares tiveram um enorme impacto nas regiões secas”.
Os altos custos de fertilizantes, produtos químicos e combustíveis têm sido um desafio significativo para os produtores, especialmente em regiões de pastagens introduzidas, acrescenta Peel.
“Não só os custos de produção estão mais elevados, mas também as taxas de juro, que subiram acentuadamente, criando um ambiente econômico que pode moderar o ritmo de expansão do rebanho em comparação com o período 2014-2019”, afirma.
Os custos financeiros mais elevados serão um fator muito mais significativo à medida que os custos de reprodução de novilhas e vacas aumentarem nos próximos meses, observa.
Diante disso, conclui ele, o processo de expansão do rebanho de bovinos dos EUA crescerá em ritmo moderado.
No curto prazo, afirma Peel, a oferta de gado continuará a diminuir, enquanto os preços de mercado para bezerros e demais categorias continuarão a subir.
Porém, observa ele, em algum momento, a valorização nos preços fortalecerão as expectativas dos produtores e impulsionarão a expansão do rebanho. “É provável que esse processo comece para valer no restante de 2023 e em 2024”.