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MST dá início ao Abril Vermelho, já são 16 fazendas invadidas

13 ABR 2010 • POR Globo Rural • 00h00

Em pelo menos cinco estados, trabalhadores rurais já iniciaram as atividades do Abril Vermelho, ação organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que, nesse ano, exige o assentamento de pelo menos 90 mil famílias que já vivem em acampamentos.

No domingo (11/04), as primeiras ocupações começaram a ser feitas em Pernambuco, onde já somam 12 áreas na região metropolitana de Recife, na Zona da Mata e no Sertão do estado. Também já há duas áreas ocupadas em Alagoas e mais duas na Paraíba, entre elas, uma fazenda na cidade de Santa Rita, próximo a João Pessoa.

Em Mato Grosso, trabalhadores sem terra estão mobilizados na sede regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e em Goiás os integrantes do MST iniciaram na segunda-feira (12/04) a marcha em direção à capital, Goiânia. “Nossa pauta de negociações com o governo já é antiga. Já está até amarelada”, critica José Batista de Oliveira, membro da coordenação nacional do MST.

O Abril Vermelho faz parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária e rememora o Massacre de Eldorado de Carajás, no qual 19 pessoas foram mortas, em 17 de abril de 1996, no Pará. As atividades desse ano revelam também o tom de insatisfação com a política agrária implementada pelo governo.

Para o coordenador do MST, o governo não tem orçamento suficiente para a aquisição das terras reivindicadas. “Existem mais terras prontas para serem desapropriadas do que dinheiro para adquirir essas terras e atender as famílias. Estamos em diálogo constante com o governo, mas nossa avaliação é que toda política de reforma agrária está estagnada”, avaliou José Batista.

De acordo com o Incra, o orçamento do órgão tem sido sistematicamente incrementado desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2003, o instituto tinha um orçamento de R$ 1,5 bilhão e chegou em 2009 com R$ 4,6 bilhões. Ainda segundo o governo, nos últimos sete anos foram assentadas 574,6 mil famílias de trabalhadores rurais e instalados 3.348 assentamentos em 46,7 milhões de hectares. Os números, de acordo com o Incra, representam 55% do total de terras destinadas à reforma agrária nos 40 anos de existência do órgão.

José Batista avalia que, para atender à reivindicação do MST, o governo precisaria investir pelo menos R$ 1,5 bilhão no atendimento às famílias, incluindo os recursos para a aquisição das áreas. Outro ponto defendido pelo MST é que o governo realize a atualização dos índices de produtividade, exigência colocada como prioridade do movimento em negociações com o governo desde 2005.