O mercado do boi gordo continuou com alguns frigoríficos pequenos reduzindo compras, enquanto os grandes fazem apenas compras pontuais. Os níveis de preços, com isso, ficam mais baixos e, consequentemente, a referência também caiu.

A queda, segundo Lygia Pimentel, consultora da Agrifatto, tem pouca consistência. Os frigoríficos estão fora do mercado apenas para "esperar o que irá acontecer para tomar decisões de negócios", em reflexo da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que poderá ser melhor observado na próxima segunda-feira (27), com o resultado semanal das exportações.

Hoje, a África do Sul também se juntou aos países que decidiram declarar embargos totais ou parciais à carne brasileira. O país, no entanto, não figura entre os 15 maiores importadores. Pimentel destaca que há notícias informais de que a China já considera regredir em seu embargo e ficar fechada apenas para as plantas investigadas, em linha com a decisão da União Europeia.

O mercado, que gira em torno de R$140/@ a R$142/@, não deve voltar aos patamares de R$145/@ tão cedo. Juntamente com a saída das compras, há um esvaziamento dos estoques dos frigoríficos, logo, estes terão de retornar às compras, mas uma melhora mais expressiva deve ocorrer quando os embargos começarem a regressar.

Pimentel lembra ainda que a competição da carne de frango com a carne bovina tem um papel muito importante, mas tem um tempo de duração menor, pois o mercado de frango tem uma autorregulação mais rápida do que o de bovinos.

Fora a operação Carne Fraca, o mercado do boi também passa por um ano desafiador, que acumula fatores como cabeças de gado no rebanho em resposta ao recuo do consumidor e a retenção de fêmeas, o que gera maior produção de bezerros. Logo, neste momento, os produtores devem adotar cautela, como aconselha a analista, realizando também uma planilha de custos para se proteger. Ela aponta ainda que a compra de seguros de preços é uma boa alternativa para um mercado de incertezas.