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Tabelamento do frete prejudica abastecimento de suplementação

08 junho 2018 - 02h23Por DBO Rural

 O tabelamento de preços mínimos para o frete rodoviário já traz impactos para a pecuária. De acordo com Elizabeth Chagas, vice-presidente executiva da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram), o recebimento de matérias-primas e as entregas dos produtos estão parados desde segunda-feira. “O aumento chega a 400% para fretes que vêm do Nordeste”, diz. A estimativa é que o prejuízo para os associados seja de cerca de R$ 546 milhões, contando com os sete dias em que a movimentação ficou suspensa durante a greve dos caminhoneiros.

A paralisação deve impactar a produção dos pecuaristas de corte e leite que dependem dos suplementos. “Nossa preocupação é que haja desabastecimento. Já temos fábricas sem matérias-primas e clientes reclamando, porque não podem ficar sem os produtos. Os produtores de leite já ficaram 7 ou 8 dias descartando leite”, afirma Elizabeth. Em relação ao repasse das altas para os produtores, ela diz que isso não é possível. “As margens dos pecuaristas já estão apertadas, porque o consumo de carne e leite não reagiu. Como vamos repassar? Mas as indústrias também não têm como absorver, ficaria inviável”. De acordo com ela, a medida vai resultar na piora da situação econômica e no aumento da inflação, pois o preço ao consumidor deve subir.
 
No caso do leite, o reflexo da paralisação dos caminhoneiros já começa a ser visto nas gôndolas. Os preços no spot (entre laticínios) subiram 8,5% após o fim da greve, segundo levantamento do MilkPoint publicado pelo jornal Valor Econômico, e no varejo a média para o leite longa vida ficou em R$ 2,91/litro em maio ante R$ 2,79/l. em abril. Esses aumentos também devem resultar em alta nos preços pagos aos produtores.
 
A Asbram decidiu entrar com mandado de segurança pedindo a nulidade da medida provisória que estabeleceu o tabelamento. “Não existe outra maneira no momento. Não acredito em acomodação do mercado, porque ela só acontece quando há margem no setor para isso”, explica a vice-presidente. Para ela, houve falta de cuidado do governo em transferir o aumento de custo para quem não estava na negociação. “Saíram da jurisdição deles e colocaram uma medida inconstitucional”.
 
Elizabeth diz que a Asbram entrou em contato com as principais entidades do agronegócio e que todas estão decidindo buscar uma solução por via jurídica, caso não haja mudanças. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) enviou comunicado nesta quinta-feira, 7, afirmando que é imprescindível que a tabela seja retificada ainda hoje pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), pois há várias discrepâncias no projeto, como a não inclusão de caminhões com 7 e 9 eixos (mais utilizados para grãos) e o não esclarecimento sobre o frete de retorno. “A retificação da tabela não corrigirá a ilegalidade e inconstitucionalidade da MP 832 e da própria Resolução 5.820 e, dessa forma, este comunicado não ilide a possibilidade de a Abiove decidir utilizar os meios legais para afastá-las”.
 
Nesta quinta, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) protocolou ofício ao presidente Michel Temer pedindo a suspensão da tabela, mostrando os aumentos como justificativa e argumenta também que os outros usuários dos transportes rodoviários de carga não foram consultados na elaboração do documento. A CNA diz, ainda, que “está à disposição para discutir o tema e auxiliar na busca por soluções que aperfeiçoem a logística brasileira, garantindo a remuneração adequada para os prestadores de transporte rodoviário de carga, sem onerar o produtor e a sociedade brasileira”.